quarta-feira, 27 de novembro de 2013

ANA MARIA MACHADO | PRESIDENTE DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS

ANA MARIA MACHADO | PRESIDENTE DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS

“O Brasil é um país moderno, mas ainda muito desigual”

Ana Maria Machado, presidente da Academia Brasileira de Letras: "A cultura da desigualdade entre nós é arcaica"

COMPARTILHADO DE EL PAÍS -  Río de Janeiro 26 NOV 2013 

Ana Maria Machado.
Ela é a segunda escritora, depois de Nélida Piñon, e a primeira representante da literatura infantil a presidir, há uma década, a Academia Brasileira de Letras, fundada pelo gênio Machado de Assis. Aos 72 anos,Ana Maria Machado é também um monumento literário nacional (possui o prêmio Hans Christian Andersen, equivalente infantil do Nobel) e publicou mais de cem livros, embora também tenha trabalhado como jornalista durante seu exílio após o golpe militar, razão pela qual recebe como uma boa notícia o nascimento do El País em português. “Ele nos revelará que estamos mais próximos do que pensamos”, afirma.
Entrar para o encontro no austero edifício da Academia, fundada em 1897, é como pisar na representação cultural e literária de um país que se sente um império. “Somos metade da América Latina”, responderá Machado à pergunta de se os brasileiros deveriam aprender espanhol, ou se os demais latino-americanos deveriam aprender português.
No interior do edifício, os acadêmicos – chamados de “imortais”, por se tratar de um cargo vitalício – andam com a consciência de serem alguém e com uma elegância e amabilidade que chegam a causar estranheza a um europeu.
O galanteio é de alta diplomacia. O jornalista é esperado por um funcionário que o acompanhará como que pelos claustros silenciosos de um monastério, indicando com um gesto de autoridade que o convidado não pode perder tempo em trâmites identificativos. Vai repetindo: “Está sendo esperado pela presidente”.
Assim é até chegar ao elegante assessor de imprensa, Antonio Carlos Athayde, que foi adido cultural da Embaixada do Brasil em Buenos Aires e mantém um ligeiro acento portenho em seu espanhol perfeito.
Ele me apresenta a vários acadêmicos, todos magnificamente trajados, que também esperam uma audiência. Já conhecem o projeto da edição do El País em português. Eles o elogiam, e o fazem falando espanhol.
Quando chega Ana Maria Machado, carregando sua figura elegante, todos se põem de pé. Ela me cumprimenta com dois beijos e me avisa que antes receberá um acadêmico, porque nosso encontro era às 15h30, e faltam 20 minutos. Ao ouvido, Athayde me sussurra: “A pontualidade é sagrada para ela”.
Apesar de sua biografia cultural e acadêmica de prestígio, com vários doutorados, a autora de Alice e Ulisses foi presa durante a ditadura, em 1969. Instalou-se no Reino Unido e na França durante a ditadura militar e voltou ao Brasil em 1972, onde fundou, sete anos depois, a primeira livraria dedicada à literatura infantil, com o nome de Malasartes.
Durante nossa conversa, os telefones não tocam e nenhuma secretária entra com recados. Eu lhe pergunto se ela vê algum simbolismo especial no fato de o maior jornal em língua espanhola ter decidido apostar no português, no Brasil: “Eu vejo isso como a culminação de simbolismos que reforçam nosso caráter ibérico. Nossas tradições, história e paixões. Tradições de lutas, mas também de tolerância com os outros povos. É uma história de aceitação dos mouros, dos judeus, com aquela carga de conversões fingidas, de mudanças de nomes, a fim de se salvar. História de uma triste Inquisição, mas também de revolta contra ela, de denúncia”.
A acadêmica insiste que as diferenças são menores que “as semelhanças”, porque temos um “substrato comum que facilita um entendimento, que é feito de histórias de sangue, dolorosas, feias, mas também de lutas pela liberdade”.
Nesse cruzamento de leituras nos dois idiomas irmãos, Machado vislumbra para o futuro um enriquecimento mútuo “ao nos lermos e conhecermos melhor”.
Qualifica a aposta jornalística de “didática” e considera “irresistível ler o mesmo texto em duas línguas que quase se entendem”, já que a leitura de um jornal, e ainda mais se for bilíngue, pode ser surpreendente. Ela lembra que, quando da introdução da nova ortografia do português, em princípio houve estranheza, mas depois, graças aos jornais, ela foi aceita com naturalidade.
Ela menciona com prazer que as relações entre a Academia Brasileira de Letras e a Real Academia da Língua Espanhola são excelentes, embora sejam duas instituições muito diferentes. A brasileira, com apenas 40 membros, foi criada sob o padrão da Academia Francesa, a qual, além de se dedicar ao fomento e defesa do idioma com uma vocação altamente lexicográfica, como ocorre na Espanha, é também uma representação da alta cultura do país.
Machado sente e vive as coisas com paixão. E quase se emociona, orgulhosa, quando destaca a positiva anomalia da literatura infantil brasileira, que tem uma densidade cultural e literária sem paralelo em outros lugares, inclusive na Europa, com exceção do Reino Unido.
A razão é que isso começa com a tradição de Monteiro Lobato, “um rebelde que lutou durante a ditadura de Getúlio Vargas” e criou uma geração de escritores que surgiria 20 anos mais tarde. “Nós nos criamos sobre os ombros dele”, diz.
Se a literatura infantil brasileira possui hoje essa qualidade reconhecida por todos é porque o que amedrontava a ditadura eram o cinema, o teatro e a música. Os livros para crianças passavam praticamente despercebidos. “Entramos naquela literatura para poder dizer coisas com liberdade, e não trabalhávamos com crianças. Viemos do jornalismo, do cinema, da universidade. Eu mesma acabava de fazer o meu doutorado sobre Guimarães Rosa, dirigida por Roland Barthes e que acabei de escrever durante meu exílio em Paris”, conta.
Acrescenta que a literatura infantil no Brasil não se cria, como em outros lugares, a partir das exigências do mercado editorial voltado para as escolas, e sim como literatura propriamente dita, razão pela qual os adultos a leem com prazer.
Durante a conversa, adentramos a velha história sobre o que é o português do Brasil – que é e ao mesmo tempo não é uma nova língua.
Machado explica que o fato de os portugueses verem sua língua cada vez mais como o “português europeu” já é reconhecer que o do Brasil é, de alguma forma, outro português, falado por muito mais gente e com características especiais, que consistem na grande influência da tradição linguística africana e indígena. “A africana privilegia as vogais, que são mais pronunciadas, enquanto que o português europeu tende a comer as vogais, o que o faz parecer mais duro que o brasileiro.” A tradição indígena, que é enorme no português do Brasil, “tende a aglutinar, cria derivados, prefixos, inventa uma enormidade de palavras. Milhares de nomes de cidades brasileiras são de origem indígena”.
Por último, o português do Brasil é do século XVI, quando se falava mais devagar, se pronunciava de outra forma. Camões, por exemplo, usava rimas que em português lusitano não rimam, mas aqui, sim.
Machado, além de ser um monumento literário, não esconde sua paixão pela política e pelas lutas em defesa das liberdades civis.
Eu lhe pergunto se falta hoje algo para o Brasil ser um país moderno, em sintonia com as grandes democracias do mundo.
“É um país moderno, mas ainda desigual. Suas instituições são surpreendentemente fortes, mas nossa democracia padece ainda de uma grande desigualdade”, diz, e acrescenta: “A cultura da desigualdade entre nós é arcaica. Baseia-se numa herança de compadrios, de burocracias, de patrimonialismos. Ainda sofremos de uma herança retrógrada”. Resume ela: “Demos passos para frente, somos uma democracia, mas ainda muito desigual”.
E, ao final, o tema inevitável da corrupção e da impunidade que domina o debate nacional. Para ela, a corrupção e a impunidade, tanto política quanto empresarial ou mesmo cidadã, têm duas origens: “A lentidão da Justiça e os baixos níveis de educação”, algo em que coloca muita ênfase. Segundo ela, é difícil criar cidadãos pensantes, que não se corrompam, com uma escola que ainda não é “de período integral” e que, portanto, não pode formar bem as pessoas. Para ela, “ter todas as crianças na escola não basta”. E sentencia: “Mente-se muito no Brasil, e é fácil acreditar nas mentiras quando a bagagem educacional das pessoas é baixa”.
Como todos os que sofreram na pele o flagelo da falta de liberdade de expressão e a amargura do exílio em busca de liberdades perdidas, Machado, na controvérsia em curso no Brasil sobre proibir ou não as biografias não autorizadas de famosos, já se posicionou a favor da liberdade de publicação. Contra os possíveis abusos, estão aí os tribunais, segundo ela.
A liberdade de expressão para ela não admite adjetivos. Ou é ou não é. Por isso, “quanto mais jornais e quanto mais informação, e de qualidade, melhor para a democracia”, diz.

O mapa-múndi cultural do século XXI


A pujança financeira de regiões como golfo Pérsico, Cazaquistão, Rússia ou China redesenha o panorama tradicional das grandes infraestruturas artísticasl

COMPARTILHADO DE EL PAÍS -  Madrid 4 NOV 2013 - 02:04 BRST

 

Uma maquete do museu Louvre Abu Dabi feita por Jean Nouvel. / THOMAS COEX (AFP)
Museus de bilhões de euros sob cúpulas gigantes, teatros de ópera dignos das mil e uma noites, no meio do nada ou do quase nada, franquias artísticas religiosamente pagas graças aos petrodólares ou gasodólares, festivais de cinema no golfo Pérsico artificial, lotados de estrelas de Hollywood; sofisticadas sheiks do Oriente que lideram as listas das pessoas mais influentes do mundo da arte; pintores e colecionadores chineses monopolizando o pódio do mercado nos termômetros de Londres, Miami ou Maastricht (um estudo revelou no ano passado que a China tomava dos EUA o primeiro lugar no mercado mundial de arte e antiguidades); novos museus particulares e novos festivais de cinema em locais de economia emergente como Brasil, Índia, Marrocos ou a própria Rússia... Espaços faraônicos para a música e a arte construídos por Nouvel, Foster, Gehry, Pei, Hadid e outros gênios do momento. A cultura muda de cenário, ou pelo menos, agrega novos cenários. A tradicional hegemonia do Ocidente – Paris, Roma, Londres, Berlim, Nova York e daí em diante – na tomada de decisões e na implementação de projetos culturais passou a enfrentar a concorrência do Oriente, ou, conforme se olha para o globo, da direita.
Cazaquistão, Omã, Catar, Dubai, Abu Dhabi, Índia ou Marrocos nunca ou quase nunca haviam figurado nas páginas de Cultura dos grandes meios de comunicação internacionais, nem – o que sem dúvida é muito mais importante para seus governantes – nas agendas dos principais empresários artísticos, dos grandes escritórios de arquitetura, dos programadores musicais, dos produtores e distribuidores cinematográficos que ditam a lei e até mesmo dos chefes de gabinete e de protocolo de governos e famílias reais do mundo inteiro.
A recente inauguração, com Attila, de Verdi, do Teatro da Ópera de Astana, capital multimilionária e extremamente jovem (15 anos) da República do Cazaquistão, por obra e graça do presidente Nazarbayev, é apenas o último capítulo de um fenômeno cujo horizonte parece ilimitado: a transferência planetária de enormes doses da inteligência emocional necessária para produzir projetos de autêntico cunho intelectual, ou pelo do que podemos chamar diretamente de verbas da cultura, ou seja, esses descomunais volumes de capital público e privado que, graças a acordos às claras ou por debaixo dos panos entre governantes e investidores, permitem construir novos templos da criação. E, falando em dinheiro e cultura: o novo símbolo cazaque de música lírica, em Astana, custou cerca de 500 milhões de euros (R$ 1,5 milhão).
Enquanto os museus da velha e outrora absoluta Europa tentam de tudo para aguentar os golpes da crise – tirando seus recursos do armário, trabalhando em rede ou concluindo acordos salvadores com patrocinadores particulares para saírem do atoleiro (antes os mecenas se chamavam Médici, e agora se chamam Banca) –, os emires e os sheiks do Oriente Médio erguem babilônias culturais com seus talões de cheques.
O novo símbolo da opera cazaque, em Astana, custou cerca de 500 milhões de euros
Esse é o caso da sheik Mayassa Bint Hamed bin Khalifa Al Thani. Essa mulher de 30 anos, que estudou na Escola de Ciências Políticas de Paris e na Universidade Duke (Carolina do Norte, EUA) antes de completar sua formação na sede da Unesco, em Paris, reúne uma dupla condição: ser a mais inteligente da classe e ser filha do ex-emir do Catar Hamed bin Khalifa e de uma de três mulheres dele, Mozah bint Nasser al-Missned, também sheik, presidente da Fundação Catar (um motor de expansão do Catar no mundo) e sem dúvida a mais charmosa primeira-dama oriental.
Foi a sheik Mayassa quem tornou possível a inauguração do Museu Islâmico de Doha, em 2008, e do Museu de Arte Moderna Árabe, em 2010
Com seus vastos conhecimentos de arte, seu dinamismo e sua evidente habilidade nos salões diplomáticos, foi ela quem viabilizou em 2008 a abertura do Museu de Arte Islâmica de Doha, assim como do Museu de Arte Moderna Árabe, em 2010, também na capital do Catar. Certamente será ela que em 2014 cortará a fita inaugural do Museu Nacional do Catar, obra de Jean Nouvel. Suas façanhas não terminam aí: a presidente da Fundação Nacional de Museus convenceu seu pai a pagar 191 milhões de euros (recorde absoluto para uma obra) por “Os Jogadores de Cartas”, de Cézanne. O Catar, dono da terceira maior reserva mundial de gás, tem sido o maior comprador mundial de arte contemporânea nos últimos cinco anos, segundo o muito confiável The Art Newspaper. Dinheiro? O gás e o petróleo, assim como os diamantes e o ouro, servem como fonte inesgotável. E a inteligência emocional? Bem, os dignitários do golfo Pérsico sabem onde e como encontrá-la: com os head hunters capazes de se deparar em Paris, Nova York ou Londres com essa cobiçada cabeça pensante capaz de criar sinergias, mobilizar contatos, atrair investidores e fabricar ou renovar conceitos, como por exemplo o intercâmbio cultural universal, a aliança de civilizações e a parceria Oriente/Ocidente através da cultura, a qual, como todos sabemos, é um passaporte para a respeitabilidade, desejado por qualquer bom governante – aquele que sabe decifrar ou intuir os saborosos dividendos políticos e econômicos que os bens espirituais conferem quando administrados com tino. Se ainda faltava alguma coisa, muitos desses ideólogos da aposta em um novo mapa-múndi cultural se formaram em lugares pouco afeitos a apostas e muito obstinados a valores seguros, como França, EUA e Reino Unido.
Jean Nouvel, ante o projeto do Louvre Abu Dhabi. / THOMAS COEX (AFP)
A jovem sheik do Catar também conseguiu convencer Robert de Niro a implantar em Doha uma filial do Festival de Cinema de Tribeca, que já teve quatro edições e leva a cada ano a Doha uma constelação de estrelas de Hollywood. Mas esse não é o único festival de cinema do golfo Pérsico: também as vizinhas Dubai (com a sua Burj Khalifa, a torre mais alta do mundo, com 828 metros) e Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, têm os seus.
E, falando em Abu Dhabi, é possível que não exista um melhor símbolo do que esse pequeno emirado árabe para designar esse processo atual que, do centrípeto para o centrífugo, está dando lugar a um frenético movimento de fichas no deslocamento da hegemonia em matéria de infraestruturas culturais.
Em 2015, o Louvre Abu Dhabi vai coroar o seu sonho de eclipsar a rival Dubai (ainda se recuperando da crise de 2008 que quase levou a cidade à falência) como farol cultural do Oriente Médio.
Mas o Louvre de Abu Dhabi não será o último sonho dos sheiks do Golfo: em 2016 eles esperam inaugurar o Museu Nacional, de Norman Foster, e em 2017 – a cereja do bolo – o maior Guggenheim do mundo, o Guggenheim Abu Dhabi, obra de Frank O. Gehry. Esses mastodontes culturais, somados ao Museu Marítimo do japonês Tadao Ando e a um grande auditório projetado por Zaha Hadid, serão os grandes atrativos da ilha de Saadiyat (Ilha da Felicidade), um verdadeiro conto oriental transformado em realidade na forma de bairro cultural, com museus, centros comerciais, hotéis e apartamentos superluxuosos e filiais de universidades europeias e americanas. O preço de Saadiyat? Cerca de € 20 bilhões

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Escultor chinês passa longos 4 anos esculpindo incrível obra prima em madeira.



Leia mais em: Escultor chinês passa longos 4 anos esculpindo incrível obra prima em madeira (7 fotos) - Metamorfose Digital http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=30101#ixzz2lh07ustc

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

100 anos de Tomie Ohtake ....

Tomie Ohtake completa cem anos

A pintora, um dos principais nomes do abstracionismo informal, completa um século em plena atividade


Compartilhado de: Antonio Gonçalves Filho - O Estado de São Paulo
Tomie Ohtake completa nesta quinta-feira, 21, 100 anos. Mais de metade de seu tempo de vida foi dedicada à pintura, atividade que só começou depois de ver os filhos formados. Mãe dos conhecidos arquitetos Ruy e Ricardo Ohtake, ela passou igualmente pela experiência de organizar o espaço para depois descontruir a forma e se tornar um dos principais nomes do abstracionismo informal. Hoje, o instituto que leva seu nome inaugura uma grande retrospectiva com mais de 60 obras, desde as paisagens que marcaram o começo de sua carreira até as mais recentes pinturas, obras de grandes dimensões que expandem o território da tela e já não dependem de uma forma para existir, elegendo a cor como sinônimo de conteúdo.
O Museu de Arte do Rio (MAR) abriu na terça outra mostra em homenagem à artista, também com curadoria do crítico Paulo Herkenhoff. Nela estão algumas raras telas chamadas “pinturas cegas”, série realizada entre 1959 e 1962. Como o próprio nome indica, essa pequena série foi feita com os olhos vendados. Foi um rito de passagem da pintora, então ligada à construção geométrica, para o território informal. Tomie já pintava havia sete anos quando começou a série, tendo como primeiro incentivador o pintor japonês Keisuke Sugano, que, em 1952, estava no Brasil de passagem para uma exposição no MAM de São Paulo.
Nascida em Kyoto, Tomie desembarcou aqui em 1936. Veio visitar um irmão e, devido à guerra entre Japão e China, acabou ficando. As primeiras paisagens foram feitas na Mooca, onde morava. Nos anos 1960, com a ascensão do movimento concreto, Tomie conheceu artistas como Hércules Barsotti e Willys de Castro. Seu contato com a linguagem abstrata foi decisiva. A figuração ficou para trás e ela passou a produzir o que o que convencionalmente se chama de “geometria sensível”, ou geometria lírica – por incorporar a emoção do artista no processo construtivo. São dessa época suas melhores pinturas, como se pode ver na mostra retrospectiva do Instituto Tomie Ohtake.
A exposição chama-se Gesto e Razão Geométrica também porque a associação de Tomie com a geometria sensível praticada na América Latina não impediu que ela conservasse o vínculo com a cultura oriental, em particular com o gesto expressionista zen e, especificamente, com o círculo perfeito perseguido pela pintura zen budista – o enso, que simboliza o círculo, a iluminação espiritual, aparece de forma explícita nas telas dos últimos anos.
Há algumas pinturas na última sala da exposição em que Tomie exercita sua vocação assimétrica, deixando o círculo incompleto como forma de controlar o equilíbrio da composição e mostrar que ele faz parte de algo maior. Embora não seja religiosa, Tomie fez da pintura seu tabernáculo. Um santuário em que há lugar para o culto de Rothko e Patrick Heron, dois dos pintores ocidentais que marcaram a trajetória da artista homenageada em seu centenário com nada menos do que 15 mostras no País. Em Gesto e Razão Geométrica estão os arcos pintados nos anos 1970, as formas tubulares dos anos 1980, as texturas dos anos 1990 e, finalmente, os círculos imperfeitos que predominam nos trabalhos mais recentes. O mundo não perde por esperar pelo próximo gesto de Tomie.


terça-feira, 19 de novembro de 2013

ARTE NA CÂMARA

O Projeto Arte na Câmara abriu mais um grande evento cheio de emoções: 
Abertura com apresentação musical da Renata Regis Florisbelo e amigas 
da Escola de música Santa Cecília, apresentação que surpreendeu a todos 
que não sabiam de mais este talento de Renata, a música. Depois
 recepcionamos os convidados entre eles Sonia Ditzel Martelo da APLA
 Academia Ponta-grossense de Letras e Artes, Sr Silvino Martelo da Associação 
Italizana Dante Alighiere, Pietro ArnaudNadja Marques e muitos outros amigos
 que foram levar um abraço amigo a Artista. Uma noite de autógrafos de seu
 mais recente livro "Olhar do Ìcone" e expoisção dos painéis com trabalhos 
feitos por adultos e crianças com desenhos sobre tema das virtudes que foram
 trabalhadas no livro. Realmente apesar da tempestade que caiu o evento
 foi maravilhoso. 










A exposição ficará aberta ao público das 13 as 19h na Câmara Municipal de Ponta Grossa até dia 15 de dezembro.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

EXPOSIÇÃO CONTEMPORÂNEA II NA SEDE DA APAP/PR




Compartilhado do blog de Katia Velo


A Associação Profissional de Artistas Plásticos do Paraná – APAP/PR realizou neste domingo (17/11), entre as 11 e às 14h, na sede da associação, Sala Poty Lazzarotto, a abertura da “Exposição Contemporânea II”. Participam da exposição os artistas associados: Francisco Borges, Katia Velo, Luiz Gustavo Vidal, Marcos Lozza e Marinice Costa.

A “Exposição Contemporânea II”, acontece na sequência da “Exposição Contemporânea I”, na qual participaram os artistas associados: Elisiane Correa, Maria Ivone Bergamini, Osmar Carboni, Sabine Feres e Viviane Camargo, ambas simultâneas à Bienal Internacional de Curitiba 2013, também na sede da APAP/PR, na Sala Osmar Chromiec, de 31 de Agosto a 01 de Dezembro de 2013, com o título “The Sleep of Reason Produces Monsters”,da artista australiana Jill Orr.



Katia Velo e Sabine Feres Stanicia


Marcos Lozza

A exposição permanecerá aberta para visitação pública até 17 de dezembro de 2013.
Serviço: “Exposição Contemporânea II”
Data: 17 de Novembro a 17 de Dezembro de 2013
Local: Sede da Associação Profissional dos Artistas Plásticos do Paraná – APAP/PR – Sala Poty Larazzotto.
Horário de visitação: 14h às 17h (3ª a 6ª feira) e 10h às 13h (sábado e domingo)
End.: Av. Jaime Reis, 107, Sala 07, São Francisco – Curitiba
Tel.: (41) 3232-0408.
www.apap.com.br
Fotos Katia Velo.

Beatriz Milhazes no MON.


Cultura

Museu Oscar Niemeyer recebe a mais completa mostra dedicada à obra de Beatriz Milhazes




Obra Beleza Pura
Crédito: Isabella Matheus

O Museu Oscar Niemeyer (MON) abre no dia 21 de novembro, quinta-feira, às 19 horas, nas salas 1 e 2, a exposição “Meu Bem”, de Beatriz Milhazes. Com curadoria do crítico francês Frédéric Paul, a mostra apresentará alguns dos trabalhos mais marcantes da artista desde o final dos anos 1980, provenientes de diversas coleções públicas e particulares, do Brasil e do exterior. A exposição fica no MON até dia 23 de fevereiro de 2014.  As últimas grandes exposições institucionais de Beatriz Milhazes no Brasil aconteceram em 2002 (CCBB-RJ) e 2008 (Pinacoteca do Estado – SP).

“Meu Bem” é considerada a mais abrangente mostra panorâmica de Beatriz. É uma oportunidade única de rever obras históricas, conhecer os últimos desdobramentos de sua produção e identificar neste vasto conjunto alguns dos fios condutores, procedimentos e estratégias compositivas que a tornaram um dos grandes destaques da arte contemporânea no mundo neste início do século XXI.



Beatriz Milhazes

Beatriz Milhazes participou, ao longo dos últimos anos, de diversas bienais, como as de Veneza e de São Paulo, e realizou 30 individuais em 11 países, com destaque para as da Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa) e da Fondation Cartier (Paris), além de dezenas de coletivas, entre elas a mostra The Encounters in the 21st Century: Polyphony – Emerging Resonances, no 21st Century Museum of Contemporary Art (Kanazawa, Japão).

É possível apontar como aspectos mais evidentes de sua obra a intensa relação com a arte popular brasileira, o diálogo com segmentos de arte aplicada, entre eles o artesanato e o bordado, bem como uma proximidade fértil com três momentos importantes da história da arte brasileira: o barroco, a antropofagia e o tropicalismo.

São também aspectos centrais da obra de Beatriz Milhazes a organicidade das formas e o intenso jogo cromático, que estabelecem uma relação de complementaridade e contraste com uma estrutura compositiva cada vez mais rigorosa. “Ela reivindica laços fortes com a modernidade europeia e está em pé de igualdade na cena contemporânea, na qual abala os códigos muitas vezes pouco sábios da abstração”, sintetiza o curador Frédéric Paul.
Serviço
“Meu Bem”- Beatriz Milhazes
Abertura: 21 de novembro de 2013, quinta-feira, 19 horas, entrada gratuita
Até 23 de fevereiro de 2014
Horário: terça a domingo, das 10h às 18h
Local: Museu Oscar Niemeyer – Salas 1 e 2 – Rua Marechal Hermes, 999 – Centro Cívico
Ingressos: R$6 e R$3 (meia-entrada para professores e estudantes com identificação).
Entrada Gratuita: No primeiro domingo de cada mês, das 10h às 18 horas, e na primeira quinta-feira de cada mês, entre 18h e 20h.

Exposição: Tomie Ohtake – 100 anos

Câmara dos Deputados expõe 13 obras da artista plástica Tomie Ohtake em homenagem aos 100 anos de nascimento da artista. Visitação a partir do dia 23 de novembro.
Em homenagem aos 100 anos de nascimento de Tomie Ohtake, o gabinete da Presidência da Câmara dos Deputados inaugura no dia 23/11 uma mostra com 13 obras da artista plástica japonesa. São 12 gravuras em metal e uma em acrílica sobre tela, que ficarão expostas ao público até 26 de janeiro de 2014. A entrada é franca. 

O conjunto de gravuras foi realizado em diferentes períodos, a partir de 1968, quando a artista começou a produzir em série. Suas obras conjugam as formas, o estudo das cores e a geometria, nas quais trabalha com várias técnicas: pintura, serigrafia, litografia, gravura em metal e escultura.

Tomie Ohtake nasceu em 1913, em  Kioto, no Japão, e fixou residência no Brasil em 1936, em São Paulo. No final da década de 50 iniciou seu trabalho com pintura, que, a princípio, era figurativa e foi sofrendo mudanças até chegar à abstração. Desde então participou de salões de arte e passou a realizar exposições individuais e coletivas em diversos museus e galerias no Brasil e no exterior, destacando-se em eventos como a 36ª Bienal de Veneza (1972) e em várias edições da Bienal Internacional de São Paulo. A mostra na Câmara é uma parceria da instituição com o Instituto Tomie Ohtake, de São Paulo.


Serviço

Exposição: Tomie Ohtake – 100 anos

Data: de 23 de novembro de 2013 a 26 de janeiro de 2014
Local: Gabinete do Presidente da Câmara dos Deputados – Edifício Principal
Visitação: Finais de semana e feriados
Hora: das 9 às 17 horas
Visita guiada, com saída a cada meia hora do Salão Negro
Entrada franca

C.André Laquintinie
Divulgação
Centro Cultural Câmara dos Deputados