terça-feira, 9 de julho de 2013

Banalização da arte destrói a cultura, diz Vargas Llosa

Banalização da arte destrói a cultura, diz Vargas Llosa

Compartilhado da Livraria da Folha de São paulo / Ilustrada

"A Civilização do Espetáculo" questiona a transformação cultura em mero entretenimento. "A arte, a literatura e o cinema se trivializaram de tal maneira, que o espectador e o leitor vivem a ilusão de ser cultos e de estar na vanguarda de tudo com o mínimo esforço intelectual", escreve Mario Vargas Llosa.
Divulgação
A cultura atua como mero mecanismo de distração e entretenimento
Para Llosa, cultura atua como mero mecanismo de entretenimento
No livro, o autor peruano defende que a arte deveria ser uma espécie de consciência social, mas se tornou um mecanismo de distração fútil, com necessidade de reflexão mínima.
"A ingênua ideia de que, através da educação, se pode transmitir cultura à totalidade da sociedade está destruindo a 'alta cultura', pois a única maneira de conseguir essa democratização universal da cultura é empobrecendo-a, tornando-a cada dia mais superficial", diz.
Jornalista e crítico literário, Llosa nasceu em Arequipa, no Peru, em 1936. Mudou para Paris na década de 1960, lecionando em diversas universidades. Como autor, ganhou notoriedade com a publicação de "A Cidade e os Cães" (1961).
O escritor recebeu o prêmio Cervantes, Príncipe de Astúrias, PEN/Nabokov, Grinzane Cavour, e, em 2010, o Nobel de Literatura. Em 1990, candidatou-se à presidência do Peru, perdendo a eleição para Alberto Fujimori.

Roda Viva recebeu o filósofo esloveno Slavoj Žižek.

Notícia


"Ainda precisamos das ideologias"

O pensador e provocador, conhecido por enfileirar referências cultas e populares, analisou a geopolítica atual e falou das bases de seu último livro
Jornalismo
05/07/13 19:01 - Atualizado em 09/07/13 08:33
A edição da segunda-feira (8/7) do Roda Viva recebeu o filósofo esloveno Slavoj Žižek. Filosofia contemporânea, política global e o futuro da esquerda foram alguns dos temas debatidos ao longo desta edição.
Expansivo, Žižek discorreu sobre suas principais influências enquanto pensador, Karl Marx e Georg Hegel, mostrando como o pensamento de ambos se faz presente em seu trabalho e suas análises da atual conjuntura política e econômica do planeta. "Voltar a Hegel para mim é basicamente o desafio da esquerda hoje", afirmou.
Para Zizek, "todos os filósofos relevantes tentaram mudar o mundo profundamente com seu pensamento. O único que não pretendeu incorporar um discurso de mudança foi Hegel - e foi ele o que, ironicamente, mais transformou o mundo". O pensamento Hegeliano e seus desdobramentos hoje fornecem a base do último livro de Žižek - Menos que Nada: Hegel e a Sombra do Materialismo Dialético.
Žižek também usou seu arsenal teórico para refletir sobre os rumos do capitalismo global a partir da crise de 2008. "Os Estados têm um papel cada vez mais importante no Capitalismo", apontou, lembrando da ascensão econômica de países como a China e a Coréia do Sul. O pensador apontou para caminhos mais autocráticos do capitalismo hoje. "Os governos, mais do que nunca, têm de fornecer um poder central e regulatório para suas economias. E é por isso que sigo firme como um comunista", afirmou. "Vivemos em uma era totalmente cínica, ninguém leva as ideologias a sério. Mas ainda precisamos delas. A crise de 2008 foi uma crise do livre-mercado guiada pelos cínicos no poder. E não um produto do esgotamento do chamado welfare state".
Condensando filosofia com bases da psicanálise, enfileirando referências eruditas, populares e anedotas, Žižek - famoso pela expressividade de suas falas em palestras ao redor do mundo - comentou que não se importa "se pessoas aqui ou ali pensem que sou um palhaço. O que importa é que, em algum momento, eu as faça pensar".