domingo, 30 de março de 2014

Transbienal


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Texto: Paula Alzugaray • 

31ª Bienal anuncia 30 projetos selecionados e aprofunda conceitos. Quatro palavras guiam o trabalho curatorial: coletividade, conflito, imaginação e transformação
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Foto da coletiva com a equipe curatorial da 31ª Bienal de São Paulo (foto: Paula Alzugaray)
Em coletiva de imprensa trilíngue (em inglês, português e espanhol), realizada hoje, a curadoria da 31ª Bienal apresentou os 30 primeiros projetos selecionados. Entre eles, figuram o coletivo Contrafilé e a artista Graziela Kunsch  (Ver lista aqui http://drive.google.com/file/d/0B2Zdx85KaWDoY2hKZkpuZ3FfRVE/edit?usp=sharing) . Ao todo, a Bienal deverá apresentar cerca de 75 projetos, que serão anunciados nos próximos meses.
Com coreógrafos, pedagogos, grupos teatrais, arquitetos e sociólogos entre os selecionados, esta se propõe em curadoria transdisciplinar, que se afirma pautada pela “ideia de trans” (transgressão, transcendência, transgênero, transexualidade, transformação, trânsito etc). A coreógrafa Lia Rodrigues, por exemplo, trabalhará em colaboração com Tunga.
Para apresentar os projetos e aprofundar os conceitos trabalhados, os sete integrantes da equipe curatorial sentaram-se diante de uma tela onde era projetada em loop uma sequência de imagens de múltiplas procedências, reunindo cenas das manifestações de rua de 2013, cenas ritualísticas, street dance, charges políticas contemporâneas, cartazes de rua.
“Um artista de rua faz mais que um Ministro da Cultura”, diz um dos cartazes projetados no fundo do palco.
Em uma dinâmica original, salientando o modo de trabalho coletivo escolhido pelo curador convidado Charles Esche, os sete integrantes falaram de aspectos diversos do projeto, interrompendo uns aos outros com perguntas.
“Selecionamos artistas que respondem a perguntas que nos fizemos”, disse Esche após Galit Eilat e Benjamin Seroussi terem iniciado o colóquio coletivo. As perguntas, segundo ele, podem ser sintetizadas em 4 palavras: coletividade, conflito, imaginação e transformação. Todas elas confluem na e para a obra do artista indiano convidado para realizar a imagem-símbolo do projeto, Prabhakar Pachpute.
Deslocamentos, movimento, viagens, migração é portanto um dos eixos fortes da curadoria. A ele, respondem os trabalhos de artistas como Armando Queiroz (Belém do Pará), Danika Dakié (Sarajevo), Edward Krasinski (Luck, Polonia), o coletivo Etcetera (Buenos Aires) e Juan Downey (Santiago, Chile), cuja poética se estrutura sobre viagens pela America Latina.
A pauta ‘situações de conflito’, que parece estar centralizada entre interesses da curadora venezuelana Nuria Enguita Mayo, está sendo desenvolvida, por exemplo, pelo artista basco Juan Pérez Agirregoikoa, que realizou três viagens pelo Brasil, acompanhado da equipe do Educativo. Seu projeto consiste em reencenar um filme de Pasolini em uma comunidade em conflito.
Do conflito, emergem subjetividades coletivas e imaginação. O roteiro conceitual da apresentação do projeto curatorial da 31ª Bienal levou Pablo Lafuente a afirmar que essa será uma Bienal “mística e política”, ao responder pergunta da curadoria associada Luiza Proença. “Acho que podemos arriscar falar em uma transbienal, que promove atravessamentos de fronteiras”, disse ela.

Uma bienal em Caruaru associa o barro como matéria-prima cultural e a arte contemporâne



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Carlos Mélo passa ao largo de obra em montagem para I Bienal do Barro de Caruaru (foto: Beto Figueiroa)
Bienais de arte existem em praticamente todos os recônditos do planeta. Mas você já imaginou uma bienal em Caruaru, sertão pernambucano? É essa a proposta de Carlos Mélo, idealizador, coordenador e co-curador da I Bienal do Barro, que ocorre de 12 de abril a 19 de maio. Mas não se trata de uma bienal como outra qualquer.
Primeiro porque a iniciativa é desprovida de ambições internacionalistas (“Queremos chamar a atenção da população e do público jovem, instigando debates pertinentes sobre a cidade, sua história, sua memória”, declara Mélo).
Segundo, porque o objetivo não é apresentar obras de arte figurativa ou peças em que o barro seja a base para criação; é questionar o uso e a história desta matéria-prima que possibilitou a fama de ícones como o Mestre Vitalino e o Alto do Moura.
Terceiro, porque a arte contemporânea é apenas uma “mídia” através da qual o curador Raphael Fonseca e os dezesseis artistas convidados fazem uma reflexão sobre os três pilares que contextualizam a cultura de Caruaru: o artesanato, o forró e a feira. As obras, criadas em residência artística na própria cidade no começo do ano, serão expostas no pavilhão da Fábrica Caroá, um galpão da década de 1930.
Os artistas são: Armando Queiroz (Belém - PA), Clarissa Campello (Vitória – ES), Daniel Murgel (Niterói - RJ), Deyson Gilbert (São José do Egito - PE), Ivan Grilo (Itatiba – SP), Jorge Soledar (Porto Alegre – RS), Jared Domicio (Fortaleza, CE), José Paulo (Recife – PE), José Rufino (João Pessoa – PB), Laerte Ramos (São Paulo – SP), Leila Danziger (Rio de Janeiro – RJ), Luisa Nóbrega ( São Paulo – SP), Márcio Almeida (Recife – PE), Marcone Moreira (Pio XII – MA), Nadam Guerra (Rio de Janeiro – RJ) e Presciliana Nobre (Ipanema – AL).