quinta-feira, 11 de julho de 2013

Cidade do interior do PR vira zona franca do indie rock

Cidade do interior do PR vira zona franca do indie rock

JOTABÊ MEDEIROS - Agência Estado

É quase 2014 d.C. Toda a Gália está ocupada pelos romanos sertanejos universitários. Toda não, uma pequena aldeia ainda resiste ao invasor.
Assim adulterada, a lendária introdução dos gibis do Asterix parece cair como uma luva para a cidade de Paraíso do Norte, um enclave de rock?n?roll no meio de uma região dominada por agroboys e pela música sertaneja no norte do Paraná (a cerca de 520 km da capital, Curitiba).
Há seis anos, o prefeito, um quarentão inconformado com a falta de opções para o gênero na cidade, com o predomínio das picapes com caixas de som em cima tocando só sertanejo na frente dos bares e dos postos de gasolina, resolveu fazer uma aposta arriscada: organizou um festival que leva para a cidade de 12 mil habitantes bandas alternativas que quase ninguém conhece: Walverdes, Nevilton, Identidade, Superguidis, Cartolas , Relespública, Giovanni Caruso e o Escambau, Zeferina Bomba, Daniel Beleza e os Corações em Fúria.
Na primeira edição, o público estranhou um pouco: apenas 700 pessoas foram conferir a excentricidade do prefeito. Na segunda, já havia 1,3 mil pessoas, e o público foi crescendo a uma média de 700 pessoas por edição. Shows como os de Wander Wildner, em 2009, o de Matanzao, em 2011 e o do Cachorro Grande, em 2012, tiraram das tocas todos os camisetas pretas da região, que nesta sexta-feira, 12, se reúnem de novo na cidade.
Como no SWU, o festival oferece espaço em camping para quem vem de longe. O próprio prefeito enche sua casa de hóspedes. O festival quer ser conhecido nacionalmente pela "camaradagem", dizem moradores, que se esmeram na recepção aos que vêm de fora. No sábado, 13 as bandas todas são recebidas em um grande churrasco (que também implica em algumas jam sessions, pocket shows e apresentações misturadas).
Em 2009 houve um caso curioso: a banda Zeferina Bomba, de João Pessoa (PB) tocaria em Paraíso. Era, como de hábito, o mês de julho, mas estava mais frio do que de costume: 3ºC de temperatura. Estava de matar paraibano de frio. E o Ilson Barros, vocalista do Zeferina, desavisado, chegou à cidade só de shorts e camiseta. Os organizadores providenciaram roupas de frio para ele. No meio do show, ele saiu-se com essa: "Vim ao Paraíso do Rock e me deram de comer e me deram de vestir. Adorei este festival".
Deu tão certo que o prefeito, Carlos Vizzotto, foi reeleito. A oposição, ao contrário do que se pensa, nem chiou muito. "Nem é uma questão de oposição. Existe um preconceito em relação ao rock e roqueiros. Levei muita pancada no início, mas com o crescimento do festival em relação a público e mídia, que têm acompanhado e elogiado o Paraíso do Rock, as críticas foram diminuindo", conta.
A coisa foi encorpando e a fama do Paraíso do Rock chegou a outras partes do País. "Eu fui até lá em 2009 porque sou muito fã do Wander Wildner. Acabei conhecendo ele pessoalmente", comemora o médico gaúcho Francisco Carlos Luciani, que desde então tem por hábito deixar a cidade nessa época do ano e dirigir milhares de quilômetros desde o Rio Grande do Sul até o norte do Paraná para ir ao festival. "É muito legal, nunca me arrependi. Com certeza é algo inusitado, por causa do domínio absoluto da cultura sertaneja naquela região", analisa Luciani.
Num mundo de comportamentos padronizados e estandardizados, o Paraíso do Rock parece andar na contramão de tudo. "Quando dormi lá, fiquei hospedado na casa de um dos organizadores, pois na casa do prefeito já não cabia mais gente", conta o designer Jonas Davanço, da vizinha cidade de Cianorte, outro habitué do festival. "No sábado, todo ano rola um churrasco com as bandas, o irmão do prefeito é quem faz. É um dos melhores carneiros que já comi, cerveja gelada e os músicos se revezando em um microfone que fica lá à disposição. Foi lá que vi uma performance do Giovanni Caruso e sua esposa, uma paraguaia, tocando castanholas. Foi sensacional", celebra o designer.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. 

Exposição World Press Photo 2013


Exposição World Press Photo 2013.

Publicado em 9 de July de 2013 em Artes Visuais por Acha

Micah Albert, EUA
Micah Albert, EUA.
A Caixa Cultural Brasília apresenta, de 10 de julho a 8 de setembro, a exposição World Press Photo, que reúne 154 registros de 54 fotógrafos de 32 nacionalidades, com imagens que se destacaram na imprensa internacional em 2012. As fotografias exploram diversos temas, como política, economia, esportes, cultura e natureza.
Os vencedores da 56ª edição da World Press Photo (WPP) foram anunciados em Amsterdã, em fevereiro passado. O concurso atraiu fotógrafos de imprensa profissional e documentais do mundo todo. Para essa edição, foram apresentadas 103.481 imagens feitas por 5.666 fotógrafos de 124 países. A foto vencedora de 2013 foi a do sueco Paul Hansen, que retrata a imagem de duas crianças palestinas mortas, vítimas de um míssil israelita.
Na categoria Notícias em geral, destaque para a imagem do fotógrafo argentino Rodrigo Abd, que mostra uma mulher chorando em luto pelo marido e filhos mortos após um bombardeio na Síria. E, na categoria Notícias em destaque, a foto de Emin Özmen, da Turquia, captura a tortura de informantes presos pelo governo sírio. O Brasil também está na mostra com registros do fotógrafo carioca Felipe Dana e do belga Frederick Buyckx, ambos premiados com Menção Honrosa.
“A mostra traz à tona questões sociais e políticas importantes. Esse ano, o Brasil é retratado em dois momentos. Em um ensaio, o fotógrafo belga mostra o cotidiano de famílias depois da criação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) em favelas do Rio. Em outro, o repórter fotográfico carioca tem a difícil e heroica missão de transmitir, em imagem, a dor e o desamparo de uma jovem viciada em crack,” explica a produtora Flávia Moretti, representante da instituição holandesa World Press Photo no Brasil. 
A World Press Photo foi fundada em 1955, em Amsterdã, e é uma organização independente sem fins lucrativos. É conhecida por realizar anualmente a maior e mais prestigiada seleção de fotojornalismo do mundo. As imagens dos vencedores são reunidas em uma exposição itinerante que percorre 100 cidades em 45 países.
Paul Hansen, Suécia.
Paul Hansen, Suécia.
Wei Seng Chen, Malásia.
Wei Seng Chen, Malásia.
Serviço: Exposição World Press Photo
Local: Caixa Cultural Brasília – Galeria Principal-SBS, Quadra 4, Lotes 3/4 – edifício anexo à matriz da Caixa
Visitação:
World Press Photo 2013 – de 10 de julho a 4 de agosto de 2013
World Press Photo Multimedia – de 9 de agosto a 8 de setembro de 2013
Informações: (61) 3206-9448 / 9449
Entrada franca

Vicente Todoli vai deixar Tate Modern no verão.

Museus se tornaram mastodontes, quando o certo é virar veleiro', diz ex-diretor da Tate

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SILAS MARTÍ - Compartilhada da Folha de São Paulo.

Uma visão conceito arquitetônico do novo edifício na Tate Modern a partir do sul

Depois de 7 anos à frente da Tate Modern, em Londres, e um dos maiores responsáveis por modernizar a disposição do acervo do museu e atrair até 5 milhões de visitantes por ano às mostras do endereço britânico, Vicente Todolí cansou. Foi cultivar azeitonas na Espanha, onde nasceu, e se desligou do mundo da arte por um tempo.
Agora, Todolí, que também já dirigiu o Museu Serralves, no Porto, e o Museu Valenciano de Arte Moderna, em Valencia, na Espanha, volta à cena artística com um projeto tão grande quanto os 15 mil metros quadrados do Hangar Bicocca, centro cultural em Milão que terá o espanhol como diretor artístico para a próxima temporada.
Na agenda, além da enorme retrospectiva dedicada ao norte-americano Mike Kelley agora em cartaz, estão mostras de Dieter Roth, Ragnar Kjanrtansson, Juan Muñoz e do brasileiro Cildo Meireles, que terá remontadas no espaço suas maiores instalações até hoje, como "Através", "Desvio para o Vermelho" e "Abajur", a obra que montou na Bienal de São Paulo há três anos que usava homens de verdade como tração para girar uma enorme escultura.
Folha - Como foi dirigir a Tate Modern? Por que decidiu sair e se desligar por um tempo do mundo da arte?
Vicente Todolí - Foram sete anos de trabalho, e quando cheguei lá achei que já tinha dado o máximo. Esse é meu ciclo, nunca mais de sete anos num projeto. Gosto quando acredito que consigo concluir o projeto sem saber muito bem como vou fazer. Só sei que nunca mais na vida quero dirigir um museu. Na Tate, havia muitos dias em que me dava conta de nem ter falado de arte. Não quero mais gerenciar as coisas. Quero ser uma espécie de editor, ter um compromisso só com a arte e o público.
Uma foto de um homem em uma capa de chuva dentro de uma grande galeria
Vicente Todoli (acima) vai deixar Tate Modern no verão. © Pablo Goikoetxea
Como aceitou então a ideia de cuidar da programação do Hangar Bicocca?
Quando me ofereceram a direção do Hangar, eu recusei. Disse que não queria dirigir mais nada, que me interessava trabalhar 100% com arte e nada do que esteja ao redor dela.
Você já disse antes estar cansado do mundo arte. Como você define o mundo da arte?
Eu penso da seguinte forma: Se a arte é o sol, ao redor dela estão os planetas em círculos concêntricos. Muito perto da arte, estão as galerias, os museus, alguns mais perto outros mais longe, curadores e afins. Bem longe está a parte social, os vernissages, as aberturas de bienal e toda a fofoca. Tudo que tem a ver com ouvir e não ver é um murmúrio constante que me cansa e me impede de dedicar meu tempo e atenção à arte. Aqui há patrocinador e outros gerentes para cuidar de tudo, não tenho que arrecadar verbas, não me envolvo com a vida social. Isso me permite concentrar só na arte.
Mas você saiu da Tate Modern e agora veio para um lugar ainda maior. Como pretende ocupar esse espaço?
Aqui é diferente da sala das turbinas. Aquela sala, aliás, nem era boa para exposições. Aquilo era bom para obras site-specific, mas quando tentávamos fazer exposições da coleção ali era muito difícil. O espaço aqui é mais alto, sem interrupções. Quero fazer exposições para este espaço sem obstruções. Só isso é um desafio. Não teremos aqui arquitetura dentro da arquitetura, e a arquitetura também não poderá ir contra a arte. Esse espaço tem sua própria história. Teremos exposições especiais aqui, que seriam impossíveis de fazer em outros museus.
No programa já anunciado estão remontagens de algumas obras clássicas de artistas como o Juan Muñoz e o Cildo Meireles. Esse também será um lugar para retrospectivas?
A obra mais importante de Juan Muñoz foi a instalação "Double Bind", que ele montou na Tate Modern. Na Tate, eu não trabalhei nessa exposição. Mas aqui vamos reinstalar "Double Bind". O espaço não é igual, mas o espírito será o mesmo. E, em volta dessa obra, teremos grupos de esculturas e peças de chão. Em 2014, terão se passado 14 anos desde a primeira montagem. Isso será para a geração que não viu o original, além de uma oportunidade para ver obras que não tinham sido expostas junto dela.
Mas é importante lembrar que aqui não faremos reconstruções. Reinstalamos, não reconstruimos. Isso será só uma parte da exposição. Estou pensando não em reconstruir, mas reconstituir com sentido, pensar o que os artistas teriam feito se tivessem dez vezes mais espaço do que tiveram numa primeira ocasião. É a história vista a partir de agora. Eu sempre trabalhei com projetos históricos e contemporâneos, sempre mantive um equilíbrio. Para mim, é importante ter uma visão em 360 graus, olhar para todos os lados, para frente e para trás. Olhar só para trás ou só para a frente é muito pouco. A história é formada por tudo o que passou e o que também está acontecendo ainda. Se você se fecha, é como dirigir numa estrada sem retrovisor. Não gosto das estradas, prefiro as trilhas, os zigue-zagues. Uma pista expressa é rápida, mas não deixa apreciar a paisagem.
Sua mudança para Milão também implica sair de uma instituição pública e entrar na esfera privada. O que muda nessa nova dinâmica?
Isso serve para ser livre. Numa instituição pública, olham cada vez mais para números e vendas de ingressos. Com essa pressão, era difícil apresentar artistas menos conhecidos. E muita energia se gasta só na tentativa de assegurar recursos financeiros. Na Tate, eu tentava ter um equilíbrio. O problema é quando esse equilíbrio se perde e o museu passa a se pautar só pelos números.
É nessa hora que o museu perde sentido e se transforma em instituição financeira, copiando a linguagem e modelos do mundo dos negócios. Falam em concorrência e se referem a exposições como "produtos". Esse mundo não me interessa. O perigo que ronda as instituições de arte é usar a arte para atingir metas financeiras ou numéricas. Aqui me dão liberdade absoluta, talvez essa seja mesmo a saída. São instituições privadas hoje que podem bancar esse modelo, já que tem objetivos de longo prazo, abrindo caminhos. Muitos museus se tornaram mastodontes burocráticos, enquanto o certo seria reduzir, voltar ao modelo de um barco a vela, mais ágil.