segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Palestra na IDA, evento paralelo à ArtRio, aborda diferenças entre os campos da arte e o design


Encontro neste sábado contou com a participação da crítica de arte do GLOBO, Luisa Duarte
COMPARTILHADO DE: O GLOBO 
13/09/2014 19:45 / ATUALIZADO 14/09/2014 14:43


RIO — Realizada num espaço de 1800 metros dentro do pavilhão 5 do Píer Mauá, a primeira edição da IDA, uma grande feira dedicada ao design arte, paralela a ArtRio, recebeu na tarde deste sábado não apenas sofisticados objetos, mas reflexões sobre sua natureza e uso. Além de funcionar como um grande ambiente expositivo e de negócios, o pavilhão recebeu dois encontros e palestras sobre a arte e o design contemporâneo. O primeiro bate-papo abordou as oportunidades no mercado do design nacional, e a palestra final, recebeu a curadora e a crítica de arte do GLOBO Luisa Duarte, que falou sobre “As aproximações e distâncias entre arte e design”. A especialista abriu sua exposição pontuando algumas diferenças entre os dois campos, a arte e o design, a partir de uma análise sobre a relação que cada território criativo estabelece com a noção de funcionalidade.
Numa feira de arte como essa, a arte ou o objeto de arte aparece em primeiro lugar como uma mercadoria, mas antes de essas obras chegarem aqui, elas surgem sem finalidade definida e cumprem o seu papel de obra de arte, que é o de alargar o nosso olhar e fazer a gente ver o mesmo mundo de outra forma — diz.
Como estamos numa feira que reúne um espaço de arte e um espaço de design é importante pontuar isso, porque a peça ou objeto de design vem ao mundo com uma função determinada.
Luisa citou a filósofa Hannah Arendt, ao elucidar a “razão de ser” não funcional da criação artística: “Os objetos que parecem destituídos de fim são os objetos estéticos, de um lado, e os homens, por outro. Deles não podemos perguntar com que finalidades foram criados”.
Vivemos uma época que valoriza e nos cobra, o tempo todo, uma extrema funcionalidade, eficácia e finalidade. Sinto, às vezes, como se todos vivêssemos, hoje, em uma espécie de império do design, onde tudo é projetado, formatado e criado para atender de modo mais eficaz possível uma determinada função — disse. — Nesse mundo, a arte e a sua ausência de funcionalidade podem agir como um corte radical nessa dinâmica, quase como uma terapêutica, com uma função espiritual, que nos equilibra, ou como a Hannah Arendt diz, servindo para que a gente se sinta um pouco mais em casa, em meio a um mundo tão árido como esse em que vivemos.
A especialista também apresentou trabalhos de diversos artistas do design, da engenharia e da arquitetura, demarcando as fronteiras entre esses campos e mostrando como produções passíveis de cada um deles podem ser ou não vistas como arte.
Funcionado aos moldes de importantes mostras internacionais, como a Design Miami/Basel, a Paris Design Week ou o The London Design Festival, a IDA chamou a atenção do público da Art Rio, que ocupou em bom volume, durante todo o sábado, esta seção dedicada ao design. Com apoio do GLOBO, a IDA lembrou a importância de assinaturas como as de Joaquim Tenreiro, Zanine Caldas, os Irmãos Campana e Sergio Rodrigues, morto recentemente, além de ter apresentado aos visitantes expositores renomados, como o Studio Alê Jordão, Dozen Designers, Studio Ignez Ferraz, Estúdio Maneco Quinderé, Antonio Bernardo/Lumini, Mercado Moderno e Marcos Teldeschi Arte e Design, entre outros.

Encontro neste sábado contou com a participação da crítica de arte do GLOBO, Luisa Duarte
Foto: Fabio Seixo / Agência O Globo

Crítica de arte Luisa Duarte - Fabio Seixo / Agência O GloboEncontro neste sábado contou com a participação da crítica de arte do GLOBO, Luisa Duarte
Foto: Fabio Seixo / Agência O Globo