sábado, 31 de agosto de 2013

INAUGURAÇÃO DO ESPAÇO CULTURAL DOS CORREIOS EM PONTA GROSSA

Neste sábado dia 31 de janeiro aconteceu a inauguração do Espaço Cultural dos Correios de Ponta Grossa. O Artista Marcelo Schimaneski teve suas telas expostas nesta primeira exposição e uma de suas obras a "Indústria Wagner" foi estampada em um selo comemorativo dos Correios.
Durante o evento o selo foi obliterado e o número 1 vai para o Museu dos Correios em Brasília.
O evento foi prestigiado por diversos convidados e autoridades e a exposição ficará aberta ao público até dia 30 de outubro no horário comercial da agencia.


Placa comemorativa do evento.


Depois do evento foi servido um delicioso coffe break

Visualização do espaço.


Celso Parubocz Curador do espaço cultural, Marcelo Schimaneski Artista, Sergio Grabicoski gerente da agencia, André Grden Presidente do Rotary Club Alagados, Paulo Eduardo G. Netto Presidente da Fundação Municipal de Cultura e José Nilson o Nilsão que assume como vereador na próxima quarta feira.


Selo depois de obliterado, uma das cópias vai para o Museu dos Correios em Brasília,


Lenita Stark e Marcelo 

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Impressoras 3D já podem reproduzir cópias quase perfeitas de obras de arte

Fujifilm cria um método de escaneamento e impressão junto ao Van Gogh Museum.

Impressoras 3D já podem reproduzir cópias quase perfeitas de obras de arte(Fonte da imagem: Reprodução/Fujifilm)
ocê já pensou em adquirir uma obra de arte original de algum pintor famoso, como Van Gogh, mas logo pensou que isso seria uma loucura pois não tem alguns milhões sobrando para fazer isso? Então saiba que a Fujifilm encontrou uma maneira um pouco mais em conta para você ter um quadro do pintor neerlandês na parede da sua casa.
Em uma parceria com o Van Gogh Museum, a Fujifilm desenvolveu uma técnica de escaneamento e impressão 3D chamada Reliefography. Essa tecnologia consegue reproduzir fielmente algumas das obras do artista. Cada quadro reproduzido custa aproximadamente US$ 34.000. Um valor elevado, mas nem perto da casa dos milhões que um original custaria.
A criação do Reliefography tomou sete anos da Fujifilm e o método é tão detalhado que apenas três cópias podem ser feitas por dia. A reprodução recria, além da obra, a moldura original, assim como pequenas notas presentes na versão original.
Até o momento, foram produzidas cinco recriações diferentes de obras de Van Gogh, com 260 unidades para cada uma delas, mas existem planos para que mais cópias sejam feitas no futuro.
A Fujifilm firmou um acordo com o Van Gogh Museum, mas outras galerias já estariam interessadas na tecnologia assim que a pareceria se encerre, daqui a três anos.
Fonte: GizmodoFujifilm


Leia mais em: http://www.tecmundo.com.br/impressora-3d/43758-impressoras-3d-ja-podem-reproduzir-copias-quase-perfeitas-de-obras-de-arte.htm#ixzz2dNa6uV8G

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Morre Artista Hudinilson Jr em São Paulo


Detalhe de performance - Divulgação
Divulgação
Detalhe de performance
Conhecido por seu trabalho de arte com o corpo, o artista plástico Hudinilson Jr. morreu ontem, aos 56 anos, em São Paulo. Segundo sua galerista, Jaqueline Martins, ele vivia sozinho e foi encontrado morto pela mãe. A causa da morte será definida pela autópsia. O trabalho de Hudinilson tornou-se famoso nos anos 1980, especialmente a série de fotografias intituladaExercícios de Me Ver, em que retratou a si mesmo simulando um ato sexual com uma fotocopiadora. Ele também integrou o grupo 3nós3. 











Biografia


Hudinilson Urbano Júnior (São Paulo SP 1957). Artista multimídia. Cursa artes plásticas na Fundação Armando Álvares Penteado - Faap, entre 1975 e 1977. Experimenta múltiplas expressões artísticas como desenho, pintura, mail-art (arte postal), graffiti, xerografia (arte xerox), performance e intervenções urbanas, nas quais o corpo humano masculino é um tema recorrente. É um dos pioneiros no uso da arte xerox no Brasil.


Em 1979, funda o grupo 3nós3, com os artistas Rafael França (1957 - 1991) e Mario Ramiro (1957), que até 1982, realiza intervenções artísticas na paisagem urbana de São Paulo. A partir de 1982, inicia a série Exercícios de Me Ver, que consiste na reprodução xerográfica de partes do próprio corpo, com exposições na Galeria Chaves, Porto Alegre, e no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP em 1983. Seus trabalhos em graffiti, utilizando estêncil, são elaborados desde meados da década de 1980, no mesmo período, conhece Alex Vallauri (1949 - 1987), de quem recebe orientações e o acompanha em alguns trabalhos. Em 1984 participa da 1ª Bienal de Havana e da exposição Arte Xerox Brasil, na Pinacoteca do Estado de São Paulo - Pesp, da qual é o curador. Expõe na 18ªBienal Internacional de São Paulo em 1985 e na 3ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, em 2002.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Sara Wookey,

Carta Aberta de uma Bailarina que se Recusou a Participar na Performance de Marina Abramović no MOCA




Sara Wookey, carta publicada a 23 de novembro de 2011.

Sara Wookey executando “Trio A” (1966) de Yvonne Rainer no Festival performático VIVA!, em Montreal. Foto de Guy L’Heureux

No dia 7 de novembro, participei numa audição para a produção da artista performática Marina Abramović no âmbito da gala anual do Museu de Arte Contemporânea (Museum of Contemporary Art ou MOCA) de Los Angeles. Eu quis fazer a audição, porque queria participar no projeto de uma artista, cujo trabalho acompanhei com interesse durante vários anos e porque se tratava de um projeto do MOCA, uma instituição à qual estou ligada enquanto artista residente em Los Angeles. De entre as cerca de 800 candidaturas, fui uma das duzentas selecionadas para a audição. Acabou por me ser proposto o papel de uma das seis mulheres nuas que reencenariam a obra emblemática de Abramović, “Nude with Skeleton” (2002), no centro das mesas, com lugares a chegar aos 100.000 dólares cada. Recusei pelas razões que aqui explano, razões que, acredito, têm de ser tornadas públicas.
Escrevo para abordar três pontos essenciais:
- Primeiro, para juntar a minha voz ao discurso em torno deste evento como artista que criticou a experiência e decidiu afastar-se; uma voz que, eu sinto, tem estado por demais ausente da cobertura dada pelo LA Times e o New York Times.
- Segundo, para clarificar a minha identidade como fonte de informação das condições que são pedidas aos artistas e explicitar o porquê de eu ter optado, até agora, por permanecer no anonimato relativamente ao meu e-mail para a Yvonne Rainer.
- E, terceiro, para alavancar uma mudança no pensamento dos trabalhadores da cultura, considerando o impacto em toda a linha, a curto e a longo prazo, das nossas escolhas pessoais, quer ao aceitar quer ao recusar qualquer tipo de trabalho.
Cada ponto visa apoiar o meu interesse preponderante na organização e formação de um sindicato que assegure padrões laborais e salários justos para os artistas performativos e de belas-artes, dentro e fora de Los Angeles.
Recusei participar enquanto performer porque o que se me afigurou foram algumas horas de trabalho criativo, uma refeição e a possibilidade de estabelecer contatos com outros colegas na mesma linha de ideias e isso resultava num trabalho mal pago. Seria suposto eu ficar ali nua e muda numa mesa em rotação lenta, começando ainda antes de os visitantes chegarem e ficando até depois de eles terem saído (um total de cerca de quatro horas). Seria suposto eu ignorar (permanecendo naquilo a que Abramović chama “modo performático”) qualquer potencial assédio físico ou verbal durante a atuação/exposição. Seria suposto eu comprometer-me com quinze horas de ensaio e assinar um contrato de confidencialidade, onde se dispunha que se eu falasse a alguém do que sucedera na audição seria processada pela Bounce Events, Marketing, Inc., a produtora do evento, no pagamento de um milhão de dólares além das despesas com os advogados.
Eu receberia 150 dólares como remuneração. Durante a audição, não houve qualquer referência a segurança, letreiros ou sinais indicando perigos para os artistas, e quando perguntei qual o tipo de proteção que nos seria dado, responderam-me não nos poderem garantir proteção. Enquanto candidata na audição para este trabalho, tive uma experiência extremamente problemática, potencialmente abusiva e de exploração.
Sou bailarina e coreógrafa profissional, com 16 anos de experiência nos Estados Unidos, no Canadá e na Europa. Tenho um Mestrado em Dança (Belas-Artes) da Universidade da Califórnia, Los Angeles. Enquanto artista profissional a trabalhar para ganhar a vida, na classe média de Los Angeles, sinto-me ultrajada que não existam medidas práticas padronizadas, oficiais ou não, para as condições de trabalho e os benefícios para artistas e performers, ou para as relações entre criador, executante, local de apresentação e produtora, sobretudo quando concerne a indivíduos e instituições tão respeitados e profissionalizados como é o caso de Abramović e do MOCA. Já produzi mais de uma dúzia de trabalhos performáticos, na Europa, com elencos de 15 a 20 artistas. Ao contratar bailarinos, estava obrigada a respeitar uma tabela de remunerações nacional, acordada em base sindicalista, conforme o número de anos de experiência de cada artista. No Canadá, onde executei recentemente uma obra de outro artista, recebi 350 dólares por umaperformance de 15 minutos, não incluindo o tempo de ensaio que foi pago em separado, até um total de 35 horas, em conformidade com as normas estipuladas pela CARFAC (Canadian Artists Representation/Le Front Des Artistes Canadiens), criada em 1968.
Se o meu apelo para a criação de normas laborais para artistas parece estapafúrdio, pense-se na associação dos atores de cinema (Screen Actors Guild ou SAG, criada em 1933), na federação americana dos músicos (American Federation of Musicians ou AFM, fundada em 1896) ou na organização de cúpula dos atores e artistas associados da América (Associated Actors and Artistes of America ou 4As, fundada em 1919), que vinculam as indústrias do cinema, teatro e música a padrões de regulamentação e boas práticas para os artistas e entertainers comercialmente ativos. Se existe algum grupo de trabalhadores da cultura que merece normas básicas de trabalho, somos nós,performers, que trabalhamos em museus, cujos instrumentos são os nossos corpos e merecemos respeito e um tratamento humano. Os artistas de todas as áreas merecem um tratamento justo e igualitário e podemos organizar-nos, se nos preocuparmos o suficiente para nos empenharmos. Prefiro dar a cara como a artista franca do que ser a cabeça silenciada, a rodar lentamente (ou, pior ainda, o “arranjo”) no centro da mesa. Quero uma voz, alto e bom som.
Abramović convocou artistas, segundo citou o LA Times, que fossem “tipos fortes e silenciosos”. Sou seguramente forte mas não me conformo com o silêncio nesta situação. Recuso-me ser uma artista silenciosa em assuntos que afetem o meu modo de subsistência e a cultura da minha prática. Há assuntos demasiado importantes para serem silenciados e apenas calho a ser eu a denunciar e a romper o silêncio. Falo em resposta à ética, não ao material ou conteúdo artístico, e sei que não sou a única a sentir o que sinto.
Recusei a oferta de trabalhar com a Abramović e o MOCA (para participar na perpetuação de práticas laborais pouco éticas, exploradoras e discriminatórias) tendo em mente a minha comunidade. Impulsionou-me a trabalhar a favor da criação de normas éticas, direitos laborais e pagamento equitativo para artistas, especialmente bailarinos, que tendem a ser dos artistas mais mal pagos.
Chegou a altura de os artistas de Los Angeles e de todo o mundo se unirem, organizarem e trabalharem para alterarem as discrepâncias degeneradas entre os fundadores ricos e poderosos da arte e os artistas, essencialmente pobres, que estão ao seu serviço e de quem é esperado que propiciem o chamado conteúdo avant-garde, presciente ou “entretenimento”, como é cada vez mais o caso; e que é, afinal de contas, o merchandising ao serviço do dinheiro. Temos de fazer isto, não por causa do que aconteceu no MOCA, mas como resposta a uma necessidade maior (dolorosamente demonstrada nos eventos do MOCA) de equidade e justiça para os trabalhadores da cultura.
Não julgo os meus colegas que aceitaram papéis neste trabalho e eu própria sou vulnerável ao culto do carisma em torno dos artistas que são celebridades. Julgo, antes, as atuais condições sociais, culturais e económicas que fizeram com que se tornasse normal, natural e até horrivelmente banal a exploração dos trabalhadores da cultura, quer seja perpetrada por entidades como o MOCA e Abramović ou autoimposta pelos próprios artistas.
Quero sugerir um outro modo de pensar: quando nós, enquanto artistas, aceitamos ou rejeitamos trabalho, quando participamos na realização de uma obra, mesmo (ou até especialmente) quando não é de nossa autoria, contribuímos para o estabelecimento de padrões e precedentes para a nossa classe e todos os que se nos seguirem.
Em suma, estou grata a Rainer por utilizar a sua posição (sem que eu tenha tido de lhe pedir) de autoridade cultural e respeitabilidade para tornar públicos estes problemas, para que fosse lançado um debate há tanto tempo adiado. Jeffrey Deitch, diretor do MOCA, foi citado no LA Times como tendo dito, em resposta ao e-mail que eu enviei anonimamente e à carta de Rainer, que “A arte versa o diálogo”. Embora eu concorde com ele, a ideia que Deitch tem do diálogo nesta matéria não passa de um paliativo. Pois só obscurantiza uma situação de injustiça, na qual tanto a artista como a instituição provaram ser irresponsáveis ao recusarem reconhecer que a arte não está imune a padrões éticos. Tentemos um novo discurso que comece neste pensamento.

Sara Wookey (www.sarawookey.com) é artista, coreógrafa e consultora criativa, residente em Los Angeles.

[tradução do inglês por Susana Canhoto]



© 2013 eRevista Performatus e o autor

Arte fora da moda

VLADIMIR SAFATLE

"Quando um amigo estilista se denomina artista, eu sempre lhe pergunto: Como assim? Você parou de desenhar vestidos?'." Essa é uma das frases de Karl Lagerfeld, que tem ao menos a virtude de possuir um cinismo capaz de se voltar contra os arroubos de sua própria profissão.
Seria bom que alguém no Ministério da Cultura tivesse lembrado dela antes de permitir que desfiles de modas fossem autorizados a captar R$ 2,8 milhões por meio da Lei Rouanet.
Claro que haverá sempre os que afirmarão que moda é cultura, já que é expressão da criatividade de um povo em sua produção simbólica. Mas, seguindo essa noção demasiado larga e pouco operacional de cultura, teríamos que colocar no mesmo conjunto a culinária, a publicidade e até mesmo o jornalismo.
Sendo assim, por que não usar as leis de incentivo cultural para financiar agências de publicidade, restaurantes glamourosos e jornais?
Se um desfile de moda pode, uma agência de publicidade formada por "criativos" teria o mesmo direito. No entanto, se for para assumir tal lógica, melhor seria transformar o Ministério da Cultura em uma "secretaria especial de produção de glamour e de gestão da economia criativa", ligada ao Ministério da Indústria e Comércio. Ao menos seria mais barato para o contribuinte.
Essa descoberta recente da possível natureza artística da moda nos leva a perguntar se não haveria um equívoco maior referente às políticas culturais aplicadas por uma certa esquerda.
Presa entre exigências genéricas de integração social e o fascínio pelo uso econômico do conceito de cultura, ela acabou por aprisionar os debates sobre cultura às planilhas de economistas que louvam a força do "imaterial" e ao bom coração das ONGs, com seus discursos de assistência social.
Há de perguntar se uma política cultural não estaria mais bem assistida se estivesse focada na multiplicação de equipamentos de formação para a cultura, assim como na defesa daquela produção artística que tem dificuldade em circular por não fazer parte dos circuitos da rentabilização financeira e da indústria do entretenimento.
Pois talvez seja a hora de perguntar, depois de tanto tempo, quantos conservatórios foram abertos, quantos polos de cinema foram criados, quantas escolas de artes visuais existem hoje em nossas periferias frutos de políticas federais.
O mais engraçado nisso tudo é que lembrar disso será considerado, por alguns, "elitista". Em minha época, "elitista" era financiar desfiles de moda em Paris com dinheiro público.

domingo, 25 de agosto de 2013

Bailarina Sara Wookey

oreógrafa e consultora criativa, residente em 






Carta Aberta de uma Bailarina que se Recusou a Participar na Performance de Marina Abramović no MOCA


Sara Wookey, carta publicada a 23 de novembro de 2011.

Sara Wookey executando “Trio A” (1966) de Yvonne Rainer no Festival performático VIVA!, em Montreal. Foto de Guy L’Heureux

No dia 7 de novembro, participei numa audição para a produção da artista performática Marina Abramović no âmbito da gala anual do Museu de Arte Contemporânea (Museum of Contemporary Art ou MOCA) de Los Angeles. Eu quis fazer a audição, porque queria participar no projeto de uma artista, cujo trabalho acompanhei com interesse durante vários anos e porque se tratava de um projeto do MOCA, uma instituição à qual estou ligada enquanto artista residente em Los Angeles. De entre as cerca de 800 candidaturas, fui uma das duzentas selecionadas para a audição. Acabou por me ser proposto o papel de uma das seis mulheres nuas que reencenariam a obra emblemática de Abramović, “Nude with Skeleton” (2002), no centro das mesas, com lugares a chegar aos 100.000 dólares cada. Recusei pelas razões que aqui explano, razões que, acredito, têm de ser tornadas públicas.
Escrevo para abordar três pontos essenciais:
- Primeiro, para juntar a minha voz ao discurso em torno deste evento como artista que criticou a experiência e decidiu afastar-se; uma voz que, eu sinto, tem estado por demais ausente da cobertura dada pelo LA Times e o New York Times.
- Segundo, para clarificar a minha identidade como fonte de informação das condições que são pedidas aos artistas e explicitar o porquê de eu ter optado, até agora, por permanecer no anonimato relativamente ao meu e-mail para a Yvonne Rainer.
- E, terceiro, para alavancar uma mudança no pensamento dos trabalhadores da cultura, considerando o impacto em toda a linha, a curto e a longo prazo, das nossas escolhas pessoais, quer ao aceitar quer ao recusar qualquer tipo de trabalho.
Cada ponto visa apoiar o meu interesse preponderante na organização e formação de um sindicato que assegure padrões laborais e salários justos para os artistas performativos e de belas-artes, dentro e fora de Los Angeles.
Recusei participar enquanto performer porque o que se me afigurou foram algumas horas de trabalho criativo, uma refeição e a possibilidade de estabelecer contatos com outros colegas na mesma linha de ideias e isso resultava num trabalho mal pago. Seria suposto eu ficar ali nua e muda numa mesa em rotação lenta, começando ainda antes de os visitantes chegarem e ficando até depois de eles terem saído (um total de cerca de quatro horas). Seria suposto eu ignorar (permanecendo naquilo a que Abramović chama “modo performático”) qualquer potencial assédio físico ou verbal durante a atuação/exposição. Seria suposto eu comprometer-me com quinze horas de ensaio e assinar um contrato de confidencialidade, onde se dispunha que se eu falasse a alguém do que sucedera na audição seria processada pela Bounce Events, Marketing, Inc., a produtora do evento, no pagamento de um milhão de dólares além das despesas com os advogados.
Eu receberia 150 dólares como remuneração. Durante a audição, não houve qualquer referência a segurança, letreiros ou sinais indicando perigos para os artistas, e quando perguntei qual o tipo de proteção que nos seria dado, responderam-me não nos poderem garantir proteção. Enquanto candidata na audição para este trabalho, tive uma experiência extremamente problemática, potencialmente abusiva e de exploração.
Sou bailarina e coreógrafa profissional, com 16 anos de experiência nos Estados Unidos, no Canadá e na Europa. Tenho um Mestrado em Dança (Belas-Artes) da Universidade da Califórnia, Los Angeles. Enquanto artista profissional a trabalhar para ganhar a vida, na classe média de Los Angeles, sinto-me ultrajada que não existam medidas práticas padronizadas, oficiais ou não, para as condições de trabalho e os benefícios para artistas e performers, ou para as relações entre criador, executante, local de apresentação e produtora, sobretudo quando concerne a indivíduos e instituições tão respeitados e profissionalizados como é o caso de Abramović e do MOCA. Já produzi mais de uma dúzia de trabalhos performáticos, na Europa, com elencos de 15 a 20 artistas. Ao contratar bailarinos, estava obrigada a respeitar uma tabela de remunerações nacional, acordada em base sindicalista, conforme o número de anos de experiência de cada artista. No Canadá, onde executei recentemente uma obra de outro artista, recebi 350 dólares por umaperformance de 15 minutos, não incluindo o tempo de ensaio que foi pago em separado, até um total de 35 horas, em conformidade com as normas estipuladas pela CARFAC (Canadian Artists Representation/Le Front Des Artistes Canadiens), criada em 1968.
Se o meu apelo para a criação de normas laborais para artistas parece estapafúrdio, pense-se na associação dos atores de cinema (Screen Actors Guild ou SAG, criada em 1933), na federação americana dos músicos (American Federation of Musicians ou AFM, fundada em 1896) ou na organização de cúpula dos atores e artistas associados da América (Associated Actors and Artistes of America ou 4As, fundada em 1919), que vinculam as indústrias do cinema, teatro e música a padrões de regulamentação e boas práticas para os artistas e entertainers comercialmente ativos. Se existe algum grupo de trabalhadores da cultura que merece normas básicas de trabalho, somos nós,performers, que trabalhamos em museus, cujos instrumentos são os nossos corpos e merecemos respeito e um tratamento humano. Os artistas de todas as áreas merecem um tratamento justo e igualitário e podemos organizar-nos, se nos preocuparmos o suficiente para nos empenharmos. Prefiro dar a cara como a artista franca do que ser a cabeça silenciada, a rodar lentamente (ou, pior ainda, o “arranjo”) no centro da mesa. Quero uma voz, alto e bom som.
Abramović convocou artistas, segundo citou o LA Times, que fossem “tipos fortes e silenciosos”. Sou seguramente forte mas não me conformo com o silêncio nesta situação. Recuso-me ser uma artista silenciosa em assuntos que afetem o meu modo de subsistência e a cultura da minha prática. Há assuntos demasiado importantes para serem silenciados e apenas calho a ser eu a denunciar e a romper o silêncio. Falo em resposta à ética, não ao material ou conteúdo artístico, e sei que não sou a única a sentir o que sinto.
Recusei a oferta de trabalhar com a Abramović e o MOCA (para participar na perpetuação de práticas laborais pouco éticas, exploradoras e discriminatórias) tendo em mente a minha comunidade. Impulsionou-me a trabalhar a favor da criação de normas éticas, direitos laborais e pagamento equitativo para artistas, especialmente bailarinos, que tendem a ser dos artistas mais mal pagos.
Chegou a altura de os artistas de Los Angeles e de todo o mundo se unirem, organizarem e trabalharem para alterarem as discrepâncias degeneradas entre os fundadores ricos e poderosos da arte e os artistas, essencialmente pobres, que estão ao seu serviço e de quem é esperado que propiciem o chamado conteúdo avant-garde, presciente ou “entretenimento”, como é cada vez mais o caso; e que é, afinal de contas, o merchandising ao serviço do dinheiro. Temos de fazer isto, não por causa do que aconteceu no MOCA, mas como resposta a uma necessidade maior (dolorosamente demonstrada nos eventos do MOCA) de equidade e justiça para os trabalhadores da cultura.
Não julgo os meus colegas que aceitaram papéis neste trabalho e eu própria sou vulnerável ao culto do carisma em torno dos artistas que são celebridades. Julgo, antes, as atuais condições sociais, culturais e económicas que fizeram com que se tornasse normal, natural e até horrivelmente banal a exploração dos trabalhadores da cultura, quer seja perpetrada por entidades como o MOCA e Abramović ou autoimposta pelos próprios artistas.
Quero sugerir um outro modo de pensar: quando nós, enquanto artistas, aceitamos ou rejeitamos trabalho, quando participamos na realização de uma obra, mesmo (ou até especialmente) quando não é de nossa autoria, contribuímos para o estabelecimento de padrões e precedentes para a nossa classe e todos os que se nos seguirem.
Em suma, estou grata a Rainer por utilizar a sua posição (sem que eu tenha tido de lhe pedir) de autoridade cultural e respeitabilidade para tornar públicos estes problemas, para que fosse lançado um debate há tanto tempo adiado. Jeffrey Deitch, diretor do MOCA, foi citado no LA Times como tendo dito, em resposta ao e-mail que eu enviei anonimamente e à carta de Rainer, que “A arte versa o diálogo”. Embora eu concorde com ele, a ideia que Deitch tem do diálogo nesta matéria não passa de um paliativo. Pois só obscurantiza uma situação de injustiça, na qual tanto a artista como a instituição provaram ser irresponsáveis ao recusarem reconhecer que a arte não está imune a padrões éticos. Tentemos um novo discurso que comece neste pensamento.

Sara Wookey (www.sarawookey.com) é artista, coreógrafa e consultora criativa, residente em Los Angeles.

[tradução do inglês por Susana Canhoto]



© 2013 eRevista Performatus e o autor

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Ketty Barcellos ... A moda e a Arte ...

 

Entrevista com o apresentador Willian Poliveri e eu :))) ....muito bom o bate papo sobre moda no programa ARTEFATO - TV UNESP. Agradeço o convite e a oportunidade de divulgar e valorizar nosso ensino e criativo mercado de MODA !

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Abaixo assinado pede cancelamento da Bienal de Arte Contemporânea na Rússia


Protesto contra leis antigay pede cancelamento de mostra na Rússia



Já tem mil assinaturas um abaixo-assinado on-line que pede o cancelamento da Manifesta, tradicional bienal itinerante de arte contemporânea.
Marcada para junho do ano que vem em São Petersburgo, a exposição recebe apelos da comunidade artística internacional para mudar de país num protesto contra as leis antigay sancionadas pelo presidente Vladimir Putin.
Entre as medidas criticadas está a proibição da adoção de crianças nascidas na Rússia por casais gays no país e no resto do mundo e uma lei que autoriza a prisão de turistas gays ou suspeitos de serem homossexuais ou simpatizantes.
Criada pelo artista e curador irlandês Noel Kelly, o abaixo-assinado foi postado no site Change.org há quatro dias. "É importante mandar uma mensagem ao governo russo de que leis draconianas como essas não serão toleradas", diz o texto da petição.
Realizada em Limburg, na Bélgica, no ano passado, a Manifesta chegará no ano que vem à décima edição, já tendo passado por Murcia, na Espanha, Trentino-Alto Adige, na Itália, Nicósia, San Sebastián, na Espanha, Frankfurt, Liubliana, Luxemburgo e Roterdã.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Google lança projeto com mapa de muros livres para grafiteiros em SP


Google lança projeto com mapa de 

muros livres para grafiteiros em SP


Color+City coloca artistas em contato com donos de imóveis disponíveis para serem pintados. Site traz fotos de obras que já concluídas.

compartilhado da Globo news
Os muros cinzas e sem graça de São Paulo estão com os dias contados. O Google lançou um projeto que vai transformá-los em telas gigantes para a arte de grafiteiros. A ideia do Color+City é colocar em contato artistas que queiram colorir a cidade e donos de imóveis que oferecem o espaço.
No site do projeto, um mapa interativo mostra os muros que estão disponíveis, na cor verde, e os que estão reservados, em laranja. É possível ver também fotos das obras que já foram concluídas. Apenas imóveis particulares participam da iniciativa - Mais informações no site:
http://www.colorpluscity.com.br/?utm_source=search&utm_medium=ha&utm_campaign=google_color%2Bcity_bk&gpsrc=brsebr

Museu mais antigo do mundo sobre fotografia pode ser visitado pela web


Google e George Eastman House, nos EUA, anunciaram parceria inédita.
Raridades como retrato de Louis Daguerre podem ser exploradas com zoom.

Compartilhado da página  G1, em São Paulo
O George Eastman House, mais antigo museu sobre fotografia do mundo, anunciou nesta semana que passou a disponibilizar 50 imagens de suas coleções em alta resolução na web como parte do Google Art Project, que já havia feito parcerias semelhantes com outros grandes museus. Visite a página.
Raro retrato de Louis Daguerre, francês inventor da Fotografia. O retrato foi feito pelo daguerreotipista Jean Baptiste Sabatier-Blot em 1844 (Foto: George Eastman House/Google Art Project)Raro retrato de Louis Daguerre, francês inventor da Fotografia. O retrato foi feito pelo daguerreotipista Jean Baptiste Sabatier-Blot em 1844 (Foto: George Eastman House/Google Art Project)
É o primeiro museu de fotografia a participar do projeto, que possui uma ferramenta de zoom que "permite aos usuários a habilidade para descobrir detalhes nunca antes vistos", segundo informações do museu. Além disso, todas as informações disponíveis sobre cada imagem foram disponibilizadas, possibilitando pesquisas pela web que antes não podiam ser feitas. E a ferramenta de mapa permite localizar onde a imagem foi feita.
Entre as raridades, é possível ver um retrato de Louis Daguerre, um dos descobridores da Fotografia. Também estão disponíveis peças de outros pioneiros e lendários fotógrafos, como Fox Talbot, Mathew Brady, Eadweard Muybridge, William Henry Jackson, Eugene Atget e Alfred Stieglitz.
O museu George Eastman House fica em Rochester, no estado de Nova York, a mais de 500 km de Manhattan. Especializado em fotografia, ele foi aberto em 1949 e funciona como instituição independente sem fins lucrativos.
Esta é a primeira fotografia já feita registrando um acidente de trem. O acidente ocorreu na ferrovia Providence Worcester perto de Pawtucket, no estado americano de Rhode Island (Foto: George Eastman House/Google Art Project)Esta é a primeira fotografia já feita registrando um acidente de trem. O acidente ocorreu na ferrovia Providence Worcester perto de Pawtucket, no estado americano de Rhode Island (Foto: George Eastman House/Google Art Project)
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Xie Kitchin como 'um chinês', imagem feita em 1873 pelo escritor Lewis Carroll, famoso por 'Alice no País das Maravilhas'. O escritor também tinha interesse pela fotografia (Foto: George Eastman House/Google Art Project)Xie Kitchin como 'um chinês', imagem feita em 1873 pelo escritor Lewis Carroll, famoso por 'Alice no País das Maravilhas'. O escritor também tinha interesse pela fotografia (Foto: George Eastman House/Google Art Project)

 

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Agosto azul dia 13 às 20h no SESI Ponta Grossa

Eloir Junior / Marcelo Schimaneski / Celso Parubocz / Erinilda Parubocz

 André Felber

Lenita Starke / Konstanty

Helena Fürstenberger / Leonardo Autuori / Delmy Maria Kapp

Auturori / Delmy / Maria Cecília Issa

Helena / Autuori / Delmy

Eloir Junior / Marcelo Schimaneski / Carla Schwab




Van Gogh


quinta-feira, 8 de agosto de 2013

EFIGÊNIA A RAINHA DO PAPEL


Para Joseph Kosuth, maior artista conceitual vivo, ‘arte não é sobre beleza’

compartilhado O Globo Cultura 

O americano vem ao Brasil em agosto para contar sua história e debater o que chama de ‘entretenimento visual’




Joseph Kosuth, um dos mais importantes nomes da arte conceitual Foto: Mine Kasapoglu / Divulgação

Joseph Kosuth, um dos mais importantes nomes da arte conceitual Mine Kasapoglu / Divulgação
RIO - Quando Joseph Kosuth fez a mais importante obra de sua carreira, tinha apenas 20 anos. O artista não contou a idade ao MoMA, de Nova York, que, na época, comprou a peça — “Uma e três cadeiras”, de 1965, talvez a mais icônica obra da arte conceitual, ao lado da “Fonte”, de Marcel Duchamp. Kosuth temia não ser levado a sério — e só revelou a idade aos 28, ainda jovem, mas já consagrado como o mais importante artista conceitual vivo.

Kosuth participou de cinco edições da Documenta (a mais importante exposição de arte do mundo, na Alemanha) e de quatro Bienais de Veneza. Sua última visita ao Brasil foi em 2010, quando expôs na Bienal de São Paulo. Agora, volta a convite do Instituto Luiz Henrique Schwanke, de Joinville (SC). Criada em 2003 para manter o Museu de Arte Contemporânea Schwanke, a instituição promove debates sobre arte com curadores e artistas brasileiros (como Agnaldo Farias e Nuno Ramos). Kosuth falará no dia 29 de agosto, abrindo a participação de artistas estrangeiros nos debates.Aos 68 anos, o americano virá ao Brasil em agosto, para relembrar histórias como a do MoMA e reforçar sua defesa de que “arte não é sobre beleza”, mas sobre conceito. Foi ele, afinal, quem exibiu, em museus mundo afora desde os anos 1960, verbetes de dicionário — ora “a seco” (apenas palavras coladas nas paredes), ora em néon. Com letras pretas sobre fundo branco, cobriu de galerias em Nova York a museus na Áustria, como na instalação “Zero & Not” (1987). E, com néon, criou obras para o Louvre e para a Bienal de Veneza, como “Il Linguaggio dell’Equilibrio”, na mostra de 2007.
Em entrevista ao GLOBO por e-mail, ele relembrou o dia em que Mark Rothko lhe disse para desistir de ser artista (“Não arruíne sua vida!”, afirmou o pintor, semanas antes de morrer, em 1970) e criticou obras como mero “entretenimento visual” e o momento atual da arte, em que galeristas ficam “à espreita, nas portas das escolas de arte, como técnicos de futebol”.
Nos anos 1960, quando muitos grandes artistas, como Jackson Pollock e Mark Rothko, trabalhavam com pinturas coloridas, o senhor rejeitou a pintura e a escultura. Por quê?
Bem, o momento cultural desses artistas estava passando, porque o próprio modernismo estava passando. Eu simpatizava muito com (o pintor abstrato) Ad Reinhardt, tivemos uma empatia imediata quando ele falou na minha escola de arte, e ele se tornou uma grande influência depois. Uma vez, ele me levou para almoçar com Mark Rothko. Eu tinha 19 ou 20 anos, e eles tiveram uma grande discussão. Infelizmente, eu era muito jovem para apreciar por completo os temas sobre os quais os dois debatiam. (Às vezes penso em fazer uma sessão de hipnose para revisitar esse momento!) Anos depois, quando eu já tinha feito exposições com (o marchand) Leo Castelli e já era bem conhecido por eles, vi Rothko na abertura da Bienal do Whitney Museum e fui cumprimentá-lo. Ele bradou que se lembrava de mim e, então, disse: “Ah, você não quer ainda ser um artista, quer? Não arruíne sua vida!” Uma declaração um tanto chocante, e eu não sabia que ele estava deprimido. Rothko se matou semanas depois. Mas, como um artista, fazendo meu trabalho, perdi a fé em qualquer forma tradicional de arte, sentia que a tarefa do artista era reflexiva. Nós precisávamos fazer perguntas sobre a natureza da arte, porque tínhamos grandes questões sobre a própria cultura naquela época. Isso era político e, ao mesmo tempo, cultural. Se você estivesse fazendo pinturas e esculturas, não poderia questionar a natureza da arte, seu trabalho estava sendo definido por aquelas instituições, e isso era uma forma de autoridade. Esse questionamento meu e de outros membros da minha geração foi o início do pós-modernismo, que foi sempre sobre “por que”, e não sobre “como”.
O senhor optou por trabalhos quase sempre sem cor. Por quê?
Muitas vezes usei cores, mas só como forma de construir um significado, como um código, ou para estabelecer diferenças, como nos trabalhos em néon. Se não há razão para cor, então o trabalho é sem cor. Arte não é sobre beleza, embora um trabalho, uma pessoa ou uma mesa possam ser belos. É um aspecto possível, mas não essencial. Se queremos que a obra seja importante para nosso tempo, não podemos fazer arte decorativa ou simplesmente entretenimento visual.
Quando o senhor criou “Uma e três cadeiras” (1965), tinha 20 anos e não dizia sua idade para ser levado a sério. Era difícil ser levado a sério?
Claro que não, eu é que era muito jovem para ser levado muito a sério. Embora tenha ido a um museu-escola quando tinha 11 anos e também tido aulas particulares de pintura e trabalhasse seriamente durante dez anos até fazer “Uma e três cadeiras”, sabia que ninguém ia levar meu trabalho a sério se soubesse minha idade. Nos primeiros catálogos de exposições de que participei, você verá meu nascimento como “entre 1935 e 1945”. Dessa forma, eu podia adicionar, teoricamente, dez anos à minha idade. Quando tinha 28 anos, o Museu de Arte Moderna de Paris fez uma retrospectiva do meu trabalho e, então, minhas obras já estavam nas coleções dos principais museus da Europa e dos Estados Unidos. Na coletiva de imprensa da mostra, eu revelei minha idade. Houve protestos na rua em frente ao museu durante a exposição, provavelmente porque meu trabalho e minha idade eram ofensivos.
Hoje, há muitos artistas. Ficou mais fácil ser levado a sério?
Não, e isso não é positivo. Porque os artistas agora têm de lutar com o mercado de arte pelo significado de seus trabalhos. O novo é menos sobre novas ideias e mais sobre novos produtos que as galerias oferecem. Então, na busca pelo novo, galeristas têm sido vistos à espreita, nas portas das escolas de arte, como técnicos de futebol.
O senhor acredita que a arte pode ser popular e, ainda assim, suscitar questões relevantes?
Bem, não pode começar sendo popular. As questões da arte devem ser abordadas com sutileza e complexidade, mesmo quando os meios são simples. Minha “Uma e três cadeiras” é muito simples, mas o que mostra é complexo. Arte é atividade especializada, e isso não precisa de um pedido de desculpas. Se a física fosse popular, novos conhecimentos iriam parar de surgir e seria o fim dela. Isso não é menos verdade na arte. Walt Disney não foi um artista genial, foi um gênio comercial, e temos que lembrar a diferença. Quando o cubismo foi exposto no Armory Show, os jornalistas escreviam que crianças não deviam ver Matisse ou Picasso porque isso iria corrompê-las! Agora, qualquer republicano amaria ter um Picasso na sala de jantar.
Como o senhor vê a atual força do mercado de arte?
Sempre fomos informados e até guiados por uma história de ideias na arte. Mas, há cerca de 15 anos, emergiu uma história do mercado de arte. Ela fala de estrelas, com base em recordes de vendas. Para novos colecionadores que não entendem de arte e para a massa que vende, compra e investe em arte, é um caminho fácil e rápido de estabelecer o que é de “qualidade”. É um guia pobre, não diz nada sobre arte em si. Não há distinção entre um artista na moda e que, portanto, vende muito, e um artista com contribuições artísticas históricas, cujo trabalho tem preços mais modestos. Frequentemente, o preço alto é só o efeito a curto prazo de um escândalo eficaz. Para aumentar a confusão, a maioria dos artistas está em ambas as histórias. Não está claro o que a História vai dizer sobre as estrelas dessa segunda história, quando o glamour do mercado passar e só restar a arte para ser avaliada.
Nesse contexto, qual é a função do artista?
Num cenário guiado pelo mercado, engajamento cultural é expressado em termos econômicos. Mas isso não significa que o sentido do trabalho deve ser peça de apoio da cultura corporativa. O importante é entender que as pessoas com poder na nossa sociedade são comprometidas com objetivos a curto prazo: a pessoa de negócios no fim do dia deve mostrar lucro, um político deve encontrar uma forma de manter seu poder. O artista, o escritor, o filósofo não se aposentam. Tais profissões não são um trabalho — são um chamado. E a cultura que estão no papel de criar é a longo prazo. Eles são como fibras longas que dão força ao tecido socia


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