sábado, 4 de janeiro de 2014

Crowdfunding, um meio eficiente para diminuir o risco da produção artística e cultural


crowdfunding (ou financiamento participativo) surge como uma ferramenta para 

Num mundo cada vez mais interligado e globalizado, é normal que a oferta artística e cultural seja cada vez maior e que, por consequência, a concorrência por alguns minutos de visibilidade também seja mais aguerrida.
Trata-se de ganhar a atenção do público dividido entre milhares de outros projectos. Para isso, não há segredo: talento é importante, porém o investimento é imprescindível.
Nesse sentido, a tarefa dos produtores artísticos e culturais requer um apoio financeiro crescente. Esse suporte financeiro é um risco que até hoje sempre foi da responsabilidade exclusiva do produtor e/ou do artista.
Cansados de correr esse risco e de perderem dinheiro a cada empreitada, os produtores encontraram uma “fórmula mágica” para não perderem mais as suas apostas: homogeneizar a oferta artística e cultural, utilizando massivamente os media para habituar e adaptar o público a consumir sempre as mesmas coisas.
Produzir um concerto, um livro, um filme, uma peça de teatro… requer não somente fundos como principalmente público. Ora o crowdfunding (ou financiamento participativo) surge como uma ferramenta para limitar os riscos inerentes à produção.
Ao utilizar o crowdfunding como um sistema de pré-venda, o produtor passa a ter um termómetro do interesse pelo seu projeto e, paralelamente, conquistar visibilidade, público, e apoios financeiros.
Suponhamos que um produtor queira lançar um álbum de um novo talento. Os cálculos do produtor indicam que para a gravação do disco ele vai precisar do valor X e que a partir de um certo número de discos vendidos ele começará a ter lucro.
Graças ao crowdfunding, esse produtor não precisa mais de fazer uma aposta de olhos vendados e pode utilizar a sua campanha de crowdfunding como o primeiro passo da produção que irá provar que realmente existe público para esse álbum e que por consequência valerá a pena investir neste trabalho.
Há que lembrar que o produtor estará compartilhando os riscos mas que os direitos autorais permanecerão intactos.
Produtores e artistas confirmados também encontrarão caminhos interessantes graças ao crowdfunding. Porque muito além de ser uma simples ferramenta de captação, o crowdfunding deve ser visto como uma oportunidade única para aumentar e fidelizar o seu público, estabelecendo com este uma relação mais interativa.
Seja na área do jornalismo ou da cultura, se o público hoje não deseja mais ser um consumidor passivo, utilize o crowdfunding e a Internet para que seus fãs tenham um verdadeiro papel na sua estratégia. A melhor ferramenta de marketing, de divulgação, de financiamento é o seu próprio público.
Levando em conta a forte expansão do crowdfunding, a nível mundial, plataformas de crowdfunding vêm estabelecendo parcerias estratégicas com produtores artísticos e culturais, bancos e outras entidades.
Director da Zarpante, Plataforma de Crowdfunding

O retrato com uma bela moldura comprado por 480 euros afinal era um Van Dyck que vale 480 mil

compartilhado de cultura p

Programa da BBC Antiques Roadshow ajudou a descobrir uma "obra-prima" de um dos mais importantes mestres flamengos do século XVII, comprada por um padre que gostou da sua moldura.
O padre britânico Jamie McLeod gostou da moldura, dourada, e comprou-a numa loja de antiguidades, dando pouca importância ao retrato de um homem barbudo que ela guardava. Custou-lhe 400 libras (480 euros). Agora, depois de uma visita da pintura ao programa de televisão Antiques Roadshow, que a BBC leva pelo Reino Unido para avaliar antiguidades que os espectadores tenham em casa, concluiu-se que era uma “obra-prima” do mestre flamengo Anton Van Dyck e que vale perto de 480 mil euros.
“É o sonho de qualquer pessoa descobrir uma obra-prima perdida. Encontrar um Van Dyck genuíno é incrivelmente excitante”, disse à Reuters Fiona Bruce, uma das apresentadoras do popular programa da BBC. Segundo a BBC News, Jamie MacLeod, que comprara o retrato numa loja de antiguidades em Chesire, levou em Junho de 2012 a pintura até Cirencester, em Gloucestershire, para o mostrar numa das edições do programa.
Fiona Bruce, que antes disso tinha estado a preparar um programa sobre o mestre flamengo com o perito Philip Mould — Van Dyck foi um nome muito falado no país este ano, porque um coleccionador que comprou um auto-retrato do pintor no Reino Unido por 15 milhões de euros e o planeava levar para o estrangeiro foi alvo de uma proibição temporária de exportação e de uma campanha que pretende mantê-lo no país —, viu-o e pensou imediatamente ter identificado um Van Dyck. Aliás, a moldura que tanto entusiasmou o padre ostentava uma placa com a letra A. Van Dyck. Segundo o diário Independent, pensava-se que seria uma falsificação de um Van Dyck.
Mould, que trabalha com o Antiques Roadshow, suspeitou também que tinha um original à sua frente e pediu ao padre que procurasse limpá-lo, livrando-o de camadas de tinta mais recentes, restaurá-lo e autenticá-lo. “Descobertas como esta são excepcionalmente raras”, diz Mould, citado pela BBC News.
A pintura foi então restaurada e autenticada por Christopher Brown, um dos maiores conhecedores da obra de Van Dyck e director do Museu Ashmolean, em Oxford. Esta é não só uma descoberta importante para o mundo artístico, sendo Van Dyck um dos mais importantes artistas do seu tempo, como a mais valiosa pintura identificada no Antiques Roadshow, que tem 36 anos de história e um público fiel.
O retrato em causa é de um magistrado de Bruxelas e pensa-se que seria um estudo de Van Dyck quando preparava em 1634 uma obra de maior dimensão que deveria representar sete magistrados mas que foi destruída mais tarde. Christopher Brown descreve a pintura agora descoberta como “um exemplo arrebatador” da mestria do pintor flamengo como retratista, exímio na observação directa, cita a Reuters. Van Dyck era um dos pintores residentes da corte inglesa no século XVII, talvez o mais importante da sua época, e retratou, entre outros, o rei Carlos I.
Agora, o padre MacLeod pensa vender o retrato para que as receitas da venda financiem o restauro dos sinos da capela do retiro religioso pelo qual é responsável em Derbyshire. “Tem sido uma experiência emocionante”, regozijou-se o padre, satisfeito com as “boas notícias”. O programa com toda a história foi transmitido este domingo — em Portugal, o Antiques Roadshowpassa no canal BBC Entertainment, disponível nos serviços de televisão por subscrição.