quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Então... Pinturas de Emerson Persona e Francis Rodrigues.


Reprodução / Quadros de Francis partem de imagens da cidade, transformadasQuadros de Francis partem de imagens da cidade, transformadas

TEXTO DO CADERNO G DA GAZETA DO POVO ....

Cores e desconstrução em exposição no Sesc Paço

“Não são aleatórias, são estudadas”, defende o artista plástico Emerson Persona, sobre suas pinturas que serão expostas a partir de quinta-feira, 31, no Sesc Paço da Liberdade, na mostra Então..., realizada em conjunto com Francis Rodrigues. Apesar do resultado abstrato de suas pesquisas em pintura, ele parte de algo concreto: a paixão estética pelo corpo feminino, embalada na reflexão sobre questões de gênero. “Os volumes femininos, cons­truídos com cor, são mais interessantes [que o corpo masculino]. Qualquer círculo é um seio”, contou Emerson à Gazeta do Povo.
Com obra inspirada no alemão Franz Marc, em Matisse e Basquiat, ele tem um ateliê na cidade desde 2008, quando abriu um espaço junto com quatro colegas da Escola de Música e Belas Artes. Só um permaneceu – Francis –, com quem compartilha o deslumbre pelo uso da cor.
Reprodução
Reprodução / Obras de Emerson privilegiam o corpo feminino, de forma abstrataAmpliar imagem
Obras de Emerson privilegiam o corpo feminino, de forma abstrata
No caso deste último, os pincéis estão a serviço do espaço urbano, que ele igualmente desconstrói em imagens mais geométricas.
A série de Francis que integra a exposição começou a ser criada com fotografias tiradas em Curitiba entre 2008 e 2010. A partir delas, ele trabalhou as imagens sem uma relação direta com figuras ou fundos, e sim, abrindo várias janelas de leitura. “Não se trata de um único ponto de vista”, disse à reportagem.
Além do uso de muitas cores, a dupla de artistas tem em comum a tentativa de criar um embate com o espectador das obras, fazendo uma arte que inlcui a comunicação.
Depois dessa etapa no Paço, Emerson expõe pinturas em tecido na Casa Andrade Muricy, em abril.
Exposição
Então...
Pinturas de Emerson Persona e Francis Rodrigues. Sesc Paço da Liberdade (Praça Generoso Marques, 189), (41) 3234-4200. Abertura quinta-feira, às 19 horas. Visitação de terça a sexta-feira, das 10 às 20 horas; sábado, das 10 às 17 horas, e domingos e feriados, das 11 às 17 horas. Até 17 de março. Entrada franca
TEXTO DO CADERNO G DA GAZETA DO POVO ....
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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

ESCULTURAS - Processo de Fundição Por Areia Quimica

Processo de Fundição Por Areia Quimica

A fundição por areia quimica é um processo muito utilizado, sobretudo em peças de fundição mais simples e onde, a qualidade superficial das mesmas não é muito inportante.
Ao contrário do processo de fundição por cera perdida, este processo demora menos tempo a ser executado sendo os seus custos de produção menores.
Em seguida mostramos, passo por passo o processo de fundição por areia de uma pequena escultura.


sand casting


sand casting


sand casting


sand casting


sand casting


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sand casting


sand casting


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sand casting


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CONTATO:

Mão de Fogo, Art Fopundry
Montemor-o-Novo, Portugal
Tel: +351 913 311 577
www.maodefogo.com

ESCULTURAS - Processo de Fundição Por Cera Perdida

Processo de Fundição Por Cera Perdida - 

O processo de fundição por cera perdida é o meio mais indicado para fundir a maioria das esculturas em bronze.
Tem como principais vantagens o de permitir uma elevada qualidade superficial da esculturas traduzindo-se num elevado grau de pormenor, podendo-se reproduzir até uma simples impressão digital.
Em seguida passa-mos a explicar todo o processo de fundição em bronze por cera perdida, desde a ideia original até ao acabamento da reprodução em bronze.

Um Pouco de História

A mais antiga escultura fundida em bronze pelo processo de cera perdida, provavelmente foi executada á cerca de 7000 anos, algures entre o Mar Negro e o Golfo Pérsico. Alguém depois de esculpir em cera de abelha uma figura, cobriu esta com uma mistura argilosa liquida que depois foi cozida pelo fogo. Com o calor a cera foi derretendo sendo substituída por um espaço vazio. Depois derreteu alguns pedaços de cobre - elemento da liga de bronze - que vazou para o espaço vazio deixado pela cera. Esperou um momento até o metal arrefecer e separou o material argiloso da figura. A primeira escultura em bronze tinha então nascido.

original

A Modelação

Em primeiro lugar um original tem que ser criado.
O material a utilizar terá que obedecer principalmente a dois requisitos: Ser bastante moldável até se encontrar uma forma final e ao mesmo tempo ter uma boa resistência.
Os materiais mais comuns são o barro, o gesso, a pedra, o aço entre outros. Depois de concluída a modelação, o original está pronto para a próxima fase: A reprodução em bronze.

Ampliação

As esculturas maiores - figuras em tamanho natural por exemplo - são geralmente concebidas numa pequena escala primeiro e só depois são ampliadas.
Em primeiro lugar o escultor executa um modelo onde mostra o conceito da escultura que quer criar. De seguida volta a executar numa escala um pouco superior um modelo maior e já com um grau de detalhe bastante elevado.
A este modelo dá-se o nome de maqueta. No final a maqueta é ampliada até ao tamanho desejado

silicone mold

Molde em Silicone

A transformação de uma escultura original numa reprodução em bronze, começa com a execução de um molde em borracha de silicone.
Primeiro a escultura original é coberta por uma fina camada de silicone, depois quando este estiver seco cobre-se com uma outra camada de fibra de vidro a que se dá o nome de madre.
Concluído todo este processo o molde é aberto e o original removido de dentro. O molde é novamente fechado.
A borracha de silicone adquire assim uma imagem " negativa" exacta da escultura original.

wax

O Positivo em Cera

Do molde em silicone " negativo", uma cera " positivo " é criada.
Num recipiente a cera é derretida aproximadamente a 70º C, sendo vertida no interior do molde e depois vertida novamente para o recipiente.
Este processo é repetido três vezes, usando a mesma cera que entretanto foi arrefecendo. A cera vai assim colar-se ao silicone, criando uma camada com uma espessura de aproximadamente 5 mm.
Quando o molde é aberto a borracha de silicone afastada da cera, nasce 
então uma reprodução perfeita do original.

spruing

Canais de Alimentação

Depois do positivo em cera ser removido do molde, reparam-se as emendas e as imperfeições com ferros ou ferramentas aquecidas.
Também é nesta fase que são colocados os gitos que mais não são do que "canais" também em cera, que permitem que o bronze líquido viaje até todos os pontos da escultura.
A boa distribuição do bronze pela escultura, a baixa turbulência e uma boa ventilação são factores importantes a ter em conta na arte de " gitar " uma reprodução em bronze.
ceramic shell

O revestimento Cerâmico

Em torno do positivo em cera constrói-se uma carapaça dura feita geralmente á base de materiais cerâmicos refractários.
Depois de terminadas as carapaças são colocadas numa mufla a uma temperatura superior a 700ºC, onde vão endurecer ganhando assim mais resistência.
A cera entretanto derretida, deixa um espaço vazio por onde irá ser vazado o bronze liquido.

casting bronze

A Fundição

Os lingotes de bronze são derretidos num forno de fusão até este atingir uma temperatura da ordem dos 1300 ºC.
Ao mesmo tempo as carapaças previamente aquecidas são trazidas incandescentes até á área de fusão. Quando o bronze estiver completamente liquido, o cadinho é tirado de dentro do forno e vertido para dentro das carapaças.
O bronze não é um metal puro mas sim uma liga, composta basicamente por cobre ( 85  ), + Zinco ( 5  ) + Estanho ( 5  ) + Chumbo ( 5  ), podendo ter outros metais. O seu ponto de fusão varia entre 985 ºC e 1000 ºC.


casting

Aproximadamente uma hora depois de vertido o bronze, este está frio o suficiente para se proceder á separação da carapaça cerâmica do bronze.
O revestimento cerâmico é então removido com martelos e formões sempre com cuidado para não danificar o metal entretanto solidificado.
Os gitos são também removidos com a ajuda de uma rebarbadora ou outro equipamento.
A etapa final consiste em passar as esculturas por um jacto de areia a alta pressão para a remoção de todas as impurezas. Quando limpas as esculturas são encaminhadas para a secção de acabamentos.

finishing bronze

O Acabamento

Tal como o positivo em cera também a reprodução em bronze deve ser retocada para se corrigir algumas imperfeições que possam ter acontecido durante o processo.
Nas esculturas de maior dimensão, que são fundidas por secções, estas depois de retocadas superficialmente são soldadas umas ás outras até á forma final da escultura, sendo depois disfarçada a soldadura com a utilização de pequenas ferramentas até não se notar a ligação.
Muitos bronzes monumentais requerem uma estrutura interna de aço inoxidável para suportar a pele de bronze.

finishing

A Patine

A patine é o realce do bronze pela aplicação química da cor.
Três compostos químicos dão forma a base para a maioria das patines: o nitrato de ferro; o nitrato de cobre; e o sulforeto de potássio.
Cada fundição desenvolve as suas próprias ( e guarda com cuidado as receitas) patines , que resultam de uma mistura de vários produtos químicos, de pigmentos e de técnicas diferentes de aplicação originando uma vasto leque de cores diferentes.
No final é colocada uma camada de cera sobre o bronze para realçar e preservar a patina.

patina

Chega assim ao fim todo o processo de passar a bronze uma peça esculpida num qualquer material de qualquer forma ou feitio.
Na nossa oficina de fundição estamos sempre abertos a que o escultor participe activamente durante todo o processo, contribuindo com sugestões para que o resultado final seja sempre do agrado de todos os intervenientes desde o escultor até ao cliente final.

assembly

final



CONTATO:

Mão de Fogo, Art Fopundry
Montemor-o-Novo, Portugal
Tel: +351 913 311 577
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ERIART E CREArt - VOLTAM AS AULAS ....

ERIART - ATELIER DE ARTE E ARTESANATO
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Oficina sobre editais voltados à comunidade negra


MinC promove em Curitiba oficina sobre editais voltados à comunidade negra

A Representação Regional Sul do Ministério da Cultura promove na próxima segunda-feira (4), em Curitiba, uma oficina sobre cinco editais do Ministério da Cultura voltados a produtores e artistas negros. A oficina, que tem o objetivo de prestar esclarecimentos sobre as inscrições e os prêmios dos editais, será realizada às 14h, no Teatro Londrina – Memorial de Curitiba.

Os editais do MinC abrangem diversas áreas artísticas. São eles: Edital de Apoio para Curta-Metragem – Curta Afirmativo: Protagonismo da Juventude Negra na Produção Audiovisual; Prêmio Funarte de Arte Negra nas Áreas de Artes Visuais, Circo, Dança, Música, Teatro e Preservação da Memória, Edital de Apoio à Coedição de Livros de Autores Negros, Edital de Apoio a Pesquisadores Negros e o Edital de Seleção de Projeto para Implantação de 27 Pontos de Cultura Negra.

De acordo com o presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Marcos Cordiolli, a oficina facilita o acesso da comunidade negra curitibana aos recursos do governo federal na área cultural. “O MinC escolheu Curitiba para a divulgação deste projeto, que oferece qualificação aos proponentes para que se habilitem corretamente para esses editais”, disse Cordiolli.

Esta é a primeira vez que o Ministério da Cultura lança editais com temática afrodescendente, condicionando a participação a produtores e criadores negros. A oficina é gratuita e servirá para esclarecer sobre as condições gerais, os requisitos, a documentação e demais procedimentos para inscrição de projetos. O prazo de inscrição dos editais é 25 de março de 2013, exceto o de Livros de Autores Negros, que é 30 de abril. Mais informações estão disponíveis no site do Ministério da Cultura (www.cultura.gov.br).
Serviço:
Oficina sobre os editais voltados à comunidade negra
Local: Teatro Londrina –Memorial de Curitiba (R. Claudino dos Santos, 79 – Setor Histórico)
Data e horário: 4 de fevereiro de 2012 (segunda-feira), às 14h
Ingresso: gratuito

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

MARK KHAISMAN - ARTISTA DE FITA ADESIVA - Fonte: publicado em artes e ideias por diana guerra



MARK KHAISMAN - ARTISTA DE FITA ADESIVA

publicado em artes e ideias por 
Já alguma vez pensou em encomendar um auto-retrato seu que, em vez de ser pintado com tinta, seria feito através de fita adesiva? Mark Khaisman é um artista plástico que trabalha este material, pintando essencialmente cenas cinematográficas. Já foi arquitecto mas fartou-se porque a área não era suficientemente experimental...
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mark khaisman artista fita adesiva
A paixão pelo cinema levou o ucraniano Mark Khaisman a deixar a arquitectura de lado e a dedicar-se a uma coisa completamente nova: a arte de pintar com fita adesiva, de forma a que a sobreposição de camadas crie quadros originais, claro está, inspirados em imagens famosas de cinema.
A técnica é bastante simples de explicar: através da justaposição de um número diferente de camadas de fita adesiva, chega-se a sombras de intensidade distinta que, através da iluminação posterior, criam a ilusão de imagens reconhecíveis pelo espectador. Sendo um apaixonado pelo cinema, Khaisman recorre aos cenários dos seus filmes preferidos: O Anjo do Mal (de Jacques Lourcelles) e Os 39 Graus (de Alfred Hitchcock) são dois exemplos.
Khaisman chega a usar cem metros de fita e passa em média uma semana para realizar cada trabalho. Parte de um plano estruturado mas, a partir daí, o processo criativo pode levar a diversos caminhos, dependendo da motivação. Para ele, trabalhar com este material é como oscilar entre dois pólos - o do cálculo e o do aleatório - trabalhando para o fim último do reconhecimento, quer seja de uma sensação, de uma imagem ou de uma memória. Qualquer coisa como a existência de um trabalho de construção e desconstrução no mesmo quadro.
A inspiração para esta técnica surgiu-lhe da sua familiaridade com a pintura em vidro, que também tira proveito dos jogos de iluminação. Apercebeu-se, depois, que poderia continuar este diálogo com a luz, de uma forma completamente diferente, usando outros materiais além do vidro. Na fita adesiva encontrou a matéria-prima ideal para a projecção do seu trabalho.
Mark Khaisman reside actualmente em Filadélfia, Estados Unidos. Os seus quadros podem ser encomendados no seu website oficial. Enquanto que as reproduções de cenas cinematográficas previamente executadas custam 200 dólares, os quadros personalizados podem chegar aos 10 000.
mark khaisman artista fita adesiva
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diana
Sobre a autora: diana guerra é normalmente zote, mas dizem que também se interessa por arte, cultura e essas coisas óbvias. Saiba como fazer parte da obvious.


Leia mais: http://obviousmag.org/archives/2010/01/mark_khaisman_artista_de_fita_adesiva.html#ixzz2J1egNZAD

A Arte Contemporânea segundo Ferreira Gullar Fonte: artes e ideias por marcelo vinicius


MARCELO VINICIUS

literatura e outras expressões artísticas relacionadas, como cinema e música

A ARTE CONTEMPORÂNEA SEGUNDO FERREIRA GULLAR

em artes e ideias por  em 12 de jan de 2013
Interessante matéria do jornalista Ivan Cláudio na "Isto É", que toma como pretexto exposições para levantar questões sobre os rumos da arte contemporânea. Onde discute a dominação cultural e a alienação das vanguardas. Ultimamente o poeta Ferreira Gullar andou despertando polêmicas. Uma das suas obras, "A arte contemporânea brasileira" aborda o problema da crise da Arte, relacionando-o com a sempre complicada relação entre Arte e Mercado.
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fe.jpgComo houve dois posts sobre Arte Conceitual e similares, exponho aqui uma outra observação sobre a Arte Conceitual e a Contemporânea em geral, agora na visão de Ferreira Gullar. Há tempos, revista Isto É publicou uma matéria do repórter Ivan Claudio sobre duas exposições, na qual ele ouvia as artistas e o crítico Ferreira Gullar. Esta entrevista foi complementada também pelo jornalista Fábio Palácio.
Segue a entrevista com o Gullar:
O senhor diz que a arte tem que emocionar, caso contrário não é ar­te. No entanto, hoje em dia as pes­soas teorizam tanto a arte...
Ferreira Gullar: existe uma tese da arte conceitual, da arte feita só por idéias. Isso não tem cabimento. Para refletir, preciso ler filosofia, não vou me ocupar do estilo de pintar do Cildo Meirelles para fazer isso. Ele é um excelente pintor, mas por que ele não pinta em vez de fazer o que está fazendo? Coloca escrito na obra "Urinóis – cocô artificial com planta natural". É para pensarmos sobre isso? O que vamos pensar sobre cocôs e plantas artificiais? Isso é muito pobre. Se ele fizesse os guaches que fazia antes, se comunicaria e transmitiria coisas que as pessoas poderiam sentir por meio da arte. Estive agora em Paris e fui ao Museu de Arte Moderna. Só vale pelo acervo de obras realizadas até a dé­cada de 40. Depois disso, nada vale a pena. O museu está vazio, ninguém vai lá. Tinha até uma exposição da Yoko Ono, que só faz besteira também, mas mesmo assim estava vazio. Só está lá porque ficou famosa depois que casou (com o ex-beatle John Lennon). É inacreditável ver os diretores do museu convidando esse tipo de gente para expor. O resultado disso é que ninguém vai lá ver a exposição. Já o Louvre recebe multidões de pessoas, assim como o Museu Picasso.
E quanto aos críticos que escrevem páginas e páginas sobre essa arte conceitual? As vezes, ao terminarmos de ler uma dessas críticas, nos sentimos péssimos, pois não entendemos nada.
Ferreira Gullar: Nem eles entendem, porque não há o que dizer sobre isso. A Jac Lemer fez uma exposição no Rio de Janeiro com umas maletas de viagem e teve um crítico que citou Heiddeger e Marx para apresentar a exposição. Não tem nada a ver com nada. É um texto indecifrável que, na verdade, não significa nada. O crítico não tem o que dizer e fica inventando. Vai di­zer o quê? Que as maletas estão bem arrumadas no espaço? Realmente não há o que dizer, pois ela nem fez as maletas, as comprou prontas. A rigor, não pode haver crítica sobre essa besteirada. O difícil é explicar como isso se mantém há décadas. A Bienal de Veneza acabou de ser inaugurada com as mesmas bobagens. Antes de ser aberta ao público, um cara mandou uma proposta de instalação que é um absurdo, e foi obedecida pela direção do evento. A idéia propunha a criação de um muro que fechava a entrada do pavilhão espanhol. Para que a entrada fosse permitida, seria necessária a apresentação do passaporte espa­nhol. Ou seja, ninguém conseguia entrar. E o incrível é que a Bienal topou isso! Na verdade, o artista estava era fazendo uma grande gozação com a Bienal, gozando a instituição. Essas pessoas são niilistas. Destruíram a ar­te, são pessoas que não têm o que fa­zer na vida e, com razão, gozam uma instituição que quer instituir algo que não existe. Essa instituição tanto vive um impasse que aceita a sugestão de um cara que manda fechar a porta da sua própria exposição. Afinal, se ne­gasse o pedido, ela não seria uma instituição de vanguarda, seria conservadora. e como é de vanguarda tem que dizer sim. Só que isso acaba com ela. O que acontece então? Acontece que a Bienal praticamente não tem mais expressão alguma. É moribunda, está se autodestruindo. Aceitar esse tipo de coisa é autodestruição. (...) A última Bienal foi um fracasso. Todos os vídeos eram chatérrimos e cheios de bobagens. Em Paris, assisti recentemente a um vídeo que só mostrava um cara berrando sem parar. Interna esse ca­ra! Vídeo bom é aquele que narra al­guma coisa.
Qual é exatamente a diferença entre expressão e obra de arte?
Ferreira Gullar: A obra de arte, ao contrário da expressão pura, necessita da elaboração de uma linguagem. É o que eu digo: tudo isso chega a um ponto tal que um pintor como Joseph Bueys – que levou suas experiências a um radicalismo extremo - afirma que todo mundo pode fazer arte. Claro! Se arte é pegar, como ele faz, um pedaço de trilho, cortar e pendurar na parede, qualquer pessoa pode fazer. Mas eu duvido que qualquer pessoa escreva uma sinfonia como Stravinsky, ou pinte uma Guernica como Picasso. Por isso eu afirmo: não é uma empulhação, mas uma confusão que vai surgindo de um processo de desintegração da linguagem.
De modo que, para mim, a crise baseia-se, por um lado, na confusão entre expressão e arte, que são coisas diferentes; por outro lado, há também o problema da busca obsessiva do novo. Buscar o novo, do ponto de vista da arte, é uma futilidade. Você faz o novo - e não existe arte que não implique no novo. Eu não vou escrever um poema que já foi escrito, nem vou repetir o meu próprio poema. Qualquer poema que eu escreva, para ser poema, deve ter algo de novo dentro dele. Mas não precisa ser um paletó de três mangas. Isso é um outro dado.
Antigamente, Leonardo da Vinci sentia-se orgulhoso por ter mestres, e quando, em Milão, encomendaram a escultura de um cavalo, ele saiu atrás de cada obra dos escultores anteriores a ele, para aprender e só então se aventurar a fazer a sua escultura. Na época moderna, ao contrário, ninguém quer ter mestres, todo mundo quer inventar a arte por si mesmo, todo mundo quer ser pai e mãe de si mesmo. Hoje, se você disser para qualquer pessoa que ela aprendeu alguma coisa com alguém, ela te dá um tiro, ela não aprendeu nada com ninguém, ela inventou tudo. Quer dizer: isso é o que essa pessoa pensa.
Podemos dizer então que a crise da arte é uma crise de pressupostos, de princípios, de concepções do que seja a arte?
Ferreira Gullar: Basicamente é isso. A origem, como eu falei, está em um processo verdadeiro, que não é embromação, mas resultou nisso: na desintegração desses valores, desses princípios. Então hoje não há valor algum. Mas, ao dizer isso, eu me refiro apenas ao setor radical, porque os verdadeiros artistas continuam fazendo arte. Há muitos bons pintores, no Brasil e lá fora, que têm noção do que estão fazendo e que não embarcaram nessa canoa furada. Mas o grande problema é que a crítica e as instituições - Bienal de São Paulo, museus de arte - todas embarcaram nessa loucura.
Hoje em dia - como o senhor próprio afirma - existe uma forte tendência a se pensar que tudo é arte, que qualquer um é artista. Esse tipo de pressuposto não contribuiria para um esvaziamento da reflexão do papel do sujeito e do trabalho no ato estético?
Ferreira Gullar: Evidente, evidente. Essa afirmação a que eu me referi, segundo a qual arte todo mundo pode fazer, isso é uma mentira e desvaloriza o artista. É um democratismo, uma falsa liberalidade que não tem valor algum, porque é mentirosa. De fato, se você admite que qualquer um pode fazer arte, pode parecer que sua visão é igualitária. Mas as pessoas não são iguais, elas têm direitos iguais. Nem todo mundo é Zico. Qualquer um pode jogar futebol como Zico? Isso é uma mentira, o que não quer dizer que o Zico seja superior a ninguém. Mas no futebol ele é melhor do que a maioria das pessoas, incluindo as que também jogam futebol. Qualquer um pode sentar no piano e tocar o Noturno n° 2 de Chopin? Não é verdade. Mas hoje se afirma isso e todos aplaudem. Agora, a consagração disso só continua nas artes plásticas. Porque nas artes plásticas amarram-se três pedras num arame e aquilo é "arte". Como qualquer um pode fazer isso, tem até sentido dizer que qualquer um faz arte essa arte que não é arte. Mas, saindo do terreno das artes plásticas, qualquer um faz cinema? Qualquer um compõe as tocatas e fugas de Bach? Evidente que não.
Em seu livro Argumentação contra a Morte da Arte o Sr. afirma que "a transmutação do material em espiritual no ato poético não se faz por milagre. Cria-se com trabalho, domínio dos meios de expressão, acumulação gradativa da experiência ". A arte contemporânea não estaria profundamente influenciada por uma visão negativa do trabalho como fardo, sacrifício?
Ferreira Gullar: Sim, claro. Totalmente negativa. Quando você adota essa atitude de que basta dependurar uma quantidade de corda no teto de uma galeria para ter uma expressão artística, então isso está implícito. Primeiro, porque não é ele (o artista) quem sobe no teto; ele não fez as cordas; ele não amarrou as cordas. Um artista, há alguns anos atrás, expôs em uma galeria no Rio uma grande quantidade de bronze desfiado, isto é, uma massaroca de fios de bronze que pesava duas toneladas e ocupava toda a galeria. Quando eu vi aquilo fiquei me perguntando por que ele fez aquilo e por que a galeria expôs. Ninguém vai comprar duas toneladas de fios de bronze, porque é uma coisa feia, pesada, cara e também uma bobagem. Então por que a galeria estava expondo aquilo? A galeria é uma casa comercial. Vai expor o que não vende? Qual a razão disso? Eu me perguntei e fui lá. E, como quem não quer nada, encostei em uma mocinha e falei assim: vem cá, eu estou achando estranho isto aqui. Ninguém compra... o artista está vendendo o quê? Aí ela abriu uma gaveta que estava cheia de desenhos do artista: guaches, aquarelas, etc. Ele vendia desenhos. Veja bem: no fundo, ele fazia desenhos iguais aos de qualquer outro artista, mas sucede que aquela obra ali, supostamente de vanguarda, era simplesmente marketing para chamar a atenção das pessoas. Então o artista vive de se fazer famoso ficando nu no museu, colocando duas toneladas de bronze na galeria e o que ele vende é até ruim, de baixa qualidade, convencional, igual ao que um outro qualquer faria. Mas esse outro não tem a esperteza de colocar duas toneladas de bronze na galeria. É um jogo de natureza meramente comercial.
A arte está hoje submetida aos princípios que regem as relações de mercado, o que faz com que a maioria das obras artísticas se tornem mercadorias comuns, objetos industriais como outros quaisquer. Essa submissão não toma a arte muito vulnerável a determinações estranhas aos princípios da liberdade e da criatividade do artista?
Ferreira Gullar: Claro. Esse exemplo que eu dei é típico dessa visão comercial. O problema da comercialização nasce com a sociedade contemporânea, com o capitalismo nasce isso. Quando Manet, junto ao grupo impressionista, cria o Salão dos Recusados - que é o início da revolução moderna da Arte -, o que era aquilo? É que no Salão Oficial, na França - um grande Salão de Arte anual - havia um júri composto de professores da Escola de Belas Artes. Aquele júri era a bolsa que estabelecia o valor das obras de arte. Quem ganhava prêmios naquele salão imediatamente passava a ter clientes para comprar suas obras. Só que, em vez de ser o mercado que determinava o seu valor, era um grupo de professores, acadêmicos. Então quando Manet manda para o salão oficial um quadro que retratava uma mulher nua, sensual, aquilo causou um escândalo tal que o júri não aceitou o quadro. A obra não foi aceita nem para ser exposta, conseqüentemente não poderia ser premiada. Daí criou-se o Salão dos Recusados, isto é, daqueles que não tinham sido sequer aceitos pelo júri. Mas, na verdade, tudo isso refletia a necessidade de que o valor da obra de arte não fosse mais determinado - no capitalismo, isso era um absurdo - por um júri. Tinha que ser determinado pelo mercado. De fato é isso. E eu não o digo para desmoralizar a experiência impressionista, porque, independente disso, é uma arte de grande valor, de grande qualidade e que merecia ter o seu lugar na sociedade, não podia ser discriminada por aquele grupo de professores. Mas também, junto com isso, estava essa necessidade de fazer com que o mercado determinasse o valor, e não um júri.
Esse é o processo. Inclusive essas performances e outras formas de Arte que não criam um objeto de arte são, no fundo, também uma fuga ao capitalismo, uma rejeição do artista em criar objetos vendáveis. Quando o artista cria uma performance, aquilo não pode ser vendido. Só que o processo da sociedade capitalista é tão infernal que transforma aquilo em valor comercial. Quer dizer: o artista não pode vender o objeto mas ele vira espetáculo. Não tem saída. Ele não resolve o problema e ainda destrói a arte. Então é preferível tentar - já que vive dentro do sistema - impedir que o sistema determine a tua expressão. É isso o que os grandes artistas fazem. Por exemplo: Samico, um importante gravador brasileiro radicado no Recife, faz apenas uma gravura por ano. É um exemplo de artista que resiste a esse processo. Um outro exemplo está na poesia. Como ela não vale nada, ela não entrou nessa paranóia. Ela se mantém, na literatura brasileira como na literatura mundial, muito mais independente, autônoma e criativa do que esse tipo de arte, em que o artista, querendo ou não, está envolvido com o mercado, e é arrastado por ele.
A indústria cultural está hoje cada vez mais concentrada. Alguns dados apontam que o setor farmacêutico e o cultural são os que passam pelo maior número de fusões e aquisições. Grandes conglomerados como a ABC-Disney, a Time- Warner, a Hearst Corp. e a Globo concentram cada vez fatias maiores do mercado cultural. Até que ponto isso pode contribuir para o processo de padronização e esterilização da produção cultural?
Ferreira Gullar: Eu distingüo arte de verdade de entretenimento. Eu acho que televisão é entretenimento, não é arte. É evidente que, se você escreve uma novela e uma peça de teatro, tudo é dramaturgia. A novela de televisão também exige destreza, domínio, imaginação, etc. É uma diferença de grau. Na peça de teatro o ator também faz dramaturgia, ele também tem imaginação, etc.
Qual a relação entre Arte e História? Podemos encontrar na História da Arte os determinantes do formato atual da experiência artística?
Ferreira Gullar: Não podemos compreender a arte de hoje sem conhecer a história da arte e a história da sociedade. É impossível compreender o que aconteceu, sem isso. Existe uma relação entre o processo histórico e o processo artístico e cultural. Mas a relação do artístico e do cultural com O econômico - que é a base, o processo fundamental da sociedade - é uma relação distante. O econômico não determina sempre, de uma mesma maneira e num mesmo grau, o cultural e o artístico.
Notas extras de Ferreira:
Outro ponto a se discutir é que um artista conceitual afirma que quem ainda leva em conta valores estético é ultrapassado, já que a nova arte não liga mais para isso. Mas pode haver arte sem valor estético? Arte sem arte? Estas são as perguntas de Ferreira Gullar sobre o assunto.
Descartando assim a expressão estética, como quer a arte conceitual, concluíram que se negar a realizar a obra é reencontrar as fontes genuínas da arte. E, se o que se chama de arte é o resultado de uma expressão surgida na linguagem da pintura, da gravura ou da escultura, buscar se expressar sem se valer dessa linguagem seria fazer arte sem arte ou, melhor dizendo, ir à origem mesma da expressão.
Só que isso nos leva, inevitavelmente, a perguntar se toda expressão é arte. Exemplo: se amasso uma folha de papel, o que daí resulta é uma forma expressiva; pode-se dizer que se trata de uma obra de arte? Se admito que sim, todo mundo é artista e tudo o que se faça é arte.
Ferreira Gullar diz que, ”em resumo, o principal problema da arte contemporânea é que se confundiu expressão com arte. Perdeu-se a noção de que uma coisa pode ser expressiva sem ser arte. Por exemplo: se eu dou um grito, isso é expressão, mas não é arte. Para que esse grito se torne arte, é preciso que eu o transforme num poema, ou que um pintor como E. Münch faça um quadro como "O Grito", em que aquilo vira uma obra plástica. Se eu me sentar no chão em cima de terra, mesmo que seja no museu, não é obra de arte. Pode ser uma atitude, uma performance adotada como protesto, como manifestação, mas não é obra de arte.”
Nesse caso, onde todo mundo pode fazer arte, acaba se resumindo na questão de uma falsa liberalidade que não tem valor algum, porque é mentirosa. De fato, se você admite que qualquer um pode fazer arte, pode parecer que sua visão é igualitária. Mas as pessoas não são iguais, elas têm direitos iguais.
Por exemplo, Ferreira diz: nem todo mundo é Zico. Qualquer um pode jogar futebol como Zico? Isso é uma mentira, o que não quer dizer que o Zico seja superior a ninguém. Mas no futebol ele é melhor do que a maioria das pessoas, incluindo as que também jogam futebol.
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marcelovinicius
Artigo da autoria de Marcelo Vinicius.
Escritor e agitador cultural. Estudante de Psicologia. Faz parte do projeto de pesquisa e extensão sobre cinema e produção de subjetividade (Sala de Cinema) e do projeto de pesquisa em Psicologia Social na Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS..
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