terça-feira, 8 de julho de 2014

Pra não dizer que não falei de arte 1

Texto de Marcus Faustini Compartilhado de http://oglobo.globo.com/cultura

Marcus Faustini Foto: O Globo

Um lugar de renovação com pouco apoio é o cinema documentário

À medida que se consolida a ideia de economia criativa como caminho que marca a regulação de discursos dos programas de apoio ao ambiente de produção cultural no país, acontece a diminuição do apoio à experimentação das artes e o freio da potência da ação cultural comunitária. Não precisa ser estudioso no assunto para perceber que esse caminho não consegue responder aos desafios da produção cultural nem dar forma às políticas de cultura que correspondam ao direto e a diversidade.

O termo experimentação ou pesquisa estética/artística se torna cada vez mais raro em chamadas ou editais de fomento e incentivo às artes — quando aparece é como uma das linhas menos favorecidas, quase uma lembrança de algo que já foi maior ou uma justificativa para acalmar quem faz barulho. Em alguns casos, também se atrela o apoio aos processos de criação a resultados em formatos preestabelecidos, diminuindo a possibilidade de surgir novas expressões públicas de questões de nosso tempo.

A diminuição de continuados programas de apoio à experimentação na criação artística demonstra um lugar menor para a arte no debate de país. É como se a criação artística fosse apenas — agora considerada —- uma etapa primária de uma cadeia produtiva que no fim vira um produto a ser negociado como mais uma das possibilidades do mundo do consumo, sobretudo dos fins de semana. O efeito pode ser letal até mesmo para esse ambiente de consumo cultural. Não será surpresa se faltarem obras e ações estéticas com força capaz de atrair interesse público — por sua capacidade de gerarem novas expressões para questões de nosso tempo — e só restarem as canecas souvenires.

Não digo que a arte está morrendo ou qualquer outra declaração apocalíptica, feito entrevistas charmosamente alternativas para revistas de arte. O campo dos fazedores de arte percebe-se e inventa novos trânsitos e formas de criar e agir, sobretudo com processos colaborativos, ocupações coletivas e ativismos pedagógicos que envolvem também pessoas até então consideradas apenas espectadoras de obras artísticas.

Ao mesmo tempo, acompanhamos o freio nos últimos anos da potência da ação cultural comunitária, que foi a grande marca das políticas de cultura do governo Lula com a gestão Gil/Juca no MinC, através dos pontos de cultura. Nesse momento havia inclusive um direcionamento, em escala maior, para conexões artísticas com e entre esses espaços através de bolsas de interações estéticas e forte inclinação para um vínculo com a cultura digital, garantindo sentido de inovação do lugar de fala e expressão dos fazedores do campo popular da cultura.

Tudo isso, de maneira sistemática, vem deixando de ser prioridade, à medida que o conceito de economia criativa ganha força como salvador da economia da cultura. Cabe lembrar que esse conceito foi inventado na Austrália para renovar antes de tudo a indústria, agregando valor cultural, e depois expandido na Inglaterra, com forte pegada na ideia de renovação de territórios esvaziados economicamente, através de clusters culturais. Por aqui, o discurso se generalizou com seminários e incubadoras que consomem mais verbas na mediação do que apoio na ponta para as ações, tendo tendência a favorecer campos ligados à indústria que usa de atributos culturais. Não estou criticando quem levanta essa “bandeira”, mas seu uso generalizador de substituição, como algo que traz sustentabilidade ao campo cultural e que é sugerido como um caminho até mesmo para quem começa. Estudos e ativismos (na Europa,inclusive!) já apontam para a possibilidade de que o uso desse conceito como hegemônico pode aprofundar desigualdades na produção, ceifar renovações estéticas e direitos culturais.

Vejamos brevemente o caso do teatro, como exemplo — uma linguagem artística consolidada em nosso imaginário, ao mesmo tempo em que é uma das primeiras formas de participação na vida social da juventude com os grupos de teatro comunitários, escolas, igrejas etc. Não existe nenhuma política permanente de apoio, nas esferas nacionais ou estaduais, para experimentação estética de grupos amadores ou profissionais, resumindo-se a alguns solitários editais anuais a apoio de montagens de peças para salas de espetáculo e nenhuma solução para os desafios de produção, circulação e memória da linguagem.

Outro lugar de renovação com pouco apoio é o cinema documentário — que já deixou de ser apenas jornalístico por aqui faz tempo, flertando inclusive com videoarte em alguns casos e sendo forte voz política em outros casos, renovando a cena de realizadores.

Colocar a arte de lado, com apoios apenas reparadores, na função de revelar uma identidade nacional ou local é hoje não apostar em possibilidades de expressão das novas errâncias do país. Mais do que nunca, o apoio à experimentação torna-se necessário. E a arte nunca correu do desafio, trouxe contribuições para a política, a educação e outros usos  e públicos.

Orixás transformam-se em super-heróis no primeiro filme africano do gênero

‘Oya - Rise Of the Superorisha’ começou a ser

 produzido a partir de vaquinha virtual

                           compartilhado de  07/07/2014 

Cena do filme que retrata orixás como super-heróis - 
DivulgaçãoA humanidade caminha para a autodestruição 
e somente um super-herói com poderes divinos pode salvá-la. 
O enredo que poderia ser visto em qualquer filme do Thor,
 Hércules ou até Cavaleiros do Zodíaco, terá uma versão africana 
com os orixás como protagonistas.
"Oya - Rise Of the Superorisha" (Oya - A ascensão do superorixá, 
em tradução livre) será o primeiro filme de super-herói africano e 
contará a história de Oya, a única deusa orixá que ainda possui 
vínculos com os humanos mesmo quando a maioria da humanidade
 já abandonou o culto aos orixás.
Baseado na crença Santeria (que possui muitos aspectos da religião 
católica e do candomblé), o filme nigeriano foi escrito e está sendo
 dirigido por Nosa Igbinedion. No filme, a missão de Oya é encontrar
 uma garota capaz de abrir o portão entre os humanos e os orixás 
que o mundo não caia em desgraça mas uma série de inimigos, 
que usam a religião de forma deturpada, tentam interromper os planos de Oya.
“'Oya - Rise Of the Superorisha' é mais do que um filme é um movimento! 
Nosso objetivo é empurrar os limites dos filmes africanos e contar novas
 histórias. Que melhor maneira de fazer isso do que fazendo um filme de
 super-herói africano!”, afirma o anúncio no site oficial.
O filme só teve suas produções iniciadas devido uma “vaquinha virtual” feita a partir de divulgação na página do Facebook e do Twitter e ainda não possui data oficial para exibição.
http://youtu.be/WS6L_9Yu_y0
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Cena do filme que retrata orixás como super-heróis
Foto: Divulgação


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