segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

A brasileira poderosa da arte mundial


Compartilhado do blog Valor Monetário
Luis Ushirobira/Valor / Luis Ushirobira/Valor
Luisa em sua mesa de trabalho, com "Sem Título (Campo de Jogo I)", de Cildo Meireles, artista da galeria, ao fundo
A galerina Mariana Teixeira não fazia ideia de quem era aquele estrangeiro de cabelos grisalhos que acabara de entrar na Galeria Luisa Strina, em São Paulo. Atendeu o colecionador, que buscava informações, e, ao fim, recebeu um convite. Ele tinha uma banda e perguntou se não gostaria de ir ao show que faria naquela noite de 2011. Pouco depois, ela ficou sabendo que seu nome era Adam Clayton; seu instrumento, contrabaixo, e sua modesta banda, U2 (que reuniu na ocasião 90 mil pessoas no estádio do Morumbi). Dois anos depois, os dois se casavam na Riviera Francesa. Entre os seletos convidados, a sorridente dona da galeria, Luisa Strina, e o líder da banda, Bono, posavam para uma foto divulgada no movimentado Instagram da galerista.
Mais do que anedota sobre uma insuspeita vocação de cupido de Luisa, o casamento é apenas um pequeno exemplo da amplitude e das ramificações da rede de contatos do mundo do mercado de arte. Milionários e celebridades são alguns dos clientes constantes nesse meio cosmopolita onde luxo, glamour, reputação e poder são moedas correntes.
Luisa Strina é não apenas dona da mais longeva galeria de arte contemporânea de São Paulo, que completa 40 anos em 2014. Ela é a 61ª pessoa mais poderosa da arte mundial, segundo o comentado ranking que a revista britânica "ArtReview" faz desde 2002 envolvendo colecionadores, artistas e galeristas, entre outros.
"No ano 3000 eu serei a primeira, chego lá", diz Luisa em tom de brincadeira. "Não dou muita importância para listas, mas ela é importante para o Brasil, para o país ter representantes no mercado internacional." Neste ano, ela, que entrou no ranking em 2012, subiu dez posições, ficando à frente de artistas como o blue chip Takashi Murakami, o premiado John Baldessari e Yayoi Kusama (cuja exposição no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio tem reunido multidões), e o empresário Bernardo Paz (75ª posição), o outro brasileiro da lista, criador do Instituto Inhotim e cliente da galerista. A lista gera muito ciúme? "Ele [Paz] me ligou e falou: 'Luisa, quando é que eu vou te passar?'. Eu disse: 'Você não precisa me passar, você é o primeiro, sempre'. Isso tudo é uma bobagem, é uma brincadeira."
Durante a entrevista ao Valor, Luisa dá amostras de seu método de atuação, que lhe permitiu tornar-se uma espécie de porta-voz informal das galerias de marca do mercado primário. Jovial e inquieta, ela faz com que sofisticação e elegância rimem com um temperamento quente ("calabresa", como explica mais à frente). Ela harmoniza esses elementos para comandar com mão de ferro e determinação o ambiente ao redor. Sentada na cadeira de sua mesa de trabalho com a mesma segurança de um comandante de navio em águas nem sempre tranquilas, a concentrada Luisa mede e pesa cuidadosamente suas palavras à reportagem, enquanto atende o telefone, digita no computador, passa orientações à assistente e, com mãos hiperativas, brinca com objetos da mesa. "Jornalista é sempre assim: bonzinho na hora da entrevista, mas quando você vai ler a matéria no dia seguinte...."
Ela não é a primeira galerista de contemporâneos em São Paulo. Antes teve Ralph Camargo e, ainda nos anos 1970, Raquel Arnaud também já atuava. Luisa tem, no entanto, papel precursor na internacionalização do setor. Empreendedora solitária, dispensou sócios e não mudou o nome da galeria (apenas de numeração, sempre na mesma rua Padre João Manuel, nos Jardins). "Qual é meu talento? Não sei... É juntar pessoas, acho." Para a "ArtReview", Luisa é "um dos maiores e melhores canais para a arte brasileira".
Sua galeria representa 40 artistas (incluindo estrangeiros como o dinamarquês Olafur Eliasson e o espanhol Antoni Muntadas), em sua maioria conceituais e com presença nos principais eventos e instituições mundiais, como Cildo Meireles (um dos nomes locais mais valorizados mundialmente), Marepe, Renata Lucas, Laura Lima e Marcius Galan. "Se eu acredito no artista, posso ficar comprando obras dele durante 20 anos sem vender. Eu não sou imediatista."
Ainda que não diga, Luisa é exímia estrategista. Antes do marchand Marcantonio Vilaça (1962-2000), que teve atuação central na profissionalização do setor nos anos 1990, Luisa foi durante anos a única latino- americana na Art Basel, a celebrada feira de arte que atualmente tem filiais em Miami Beach (desta, Luisa fez parte do comitê de seleção de galerias durante 12 anos) e Hong Kong.
"Fui a Nova York recentemente e nove brasileiros estavam expondo em ótimas galerias. Expor no exterior não quer dizer nada - você pode expor em uma galeria ruim. Em Londres, temos a Mira Schendel na Tate Modern, três ou quatro brasileiros expondo.... As duas cidades mais importantes para as artes: [o cenário] nunca esteve tão bom quanto agora", diz Luisa. "Toda galeria que se preza quer ter um artista brasileiro."
"Hoje temos sérios colecionadores no Brasil. Coleções com conceito. E muitos jovens começaram a comprar porque gostam de arte", afirma. "Isso não existia antes dos anos 2000." Ela não nega, no entanto, a existência de colecionadores privados que veem a arte apenas como investimento. "Alguns trabalhos extrapolaram os preços, então virou um jogo. A pessoa pensa: 'Vou comprar uma obra bem baratinha e, quem sabe, o artista vira um nome internacional que vale R$ 5 milhões'. Acho que esses colecionadores estão errados porque não é por aí." Questionada se já se recusou a vender obras, Luisa não titubeia: "Várias vezes...".
"Hoje temos sérios colecionadores no Brasil. Coleções com conceito. E muitos jovens começaram a comprar", diz galerista
"Agencio o artista. O trabalho dele não é feito em série", diz. "Tenho que colocar o trabalho dele nos melhores lugares, nos melhores museus, nas melhores coleções. Se posso colocar no museu, não vou vender para você. Mesmo que eu demore mais tempo para receber o pagamento, mesmo que seja com mais desconto, prefiro vender para um museu, porque meu papel é projetar o artista, e no museu ele vai ter mais visibilidade."
Além desse papel de agente intermediador, Luisa tem sido uma das principais representantes da categoria que está questionando o Estatuto dos Museus, divulgado em outubro. Alguns pontos tem causado polvorosa no circuito, como o que dá ao governo federal o poder de monitorar obras brasileiras de coleções privadas consideradas de interesse público. Tais obras teriam restrições relativas à venda, circulação e restauro. Segundo profissionais do setor, as regras não estão claras e poderiam afetar negativamente o mercado. Luisa, no entanto, prefere não se manifestar na mídia sobre o tema. Há duas semanas, sua casa foi sede de um encontro entre colecionadores, artistas, marchands e o presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Ângelo Oswaldo de Araújo Santos. Ao Valor, Luisa diz apenas: "A reunião foi muito proveitosa, o sr. Ângelo Oswaldo prometeu rever o decreto".
Foram muitos os altos e baixos da economia desde os anos 1970. Diferentemente de outros colegas, Luisa sobreviveu. Cita a era Collor (1990-1992) como o período mais crítico. "Estava em Nova York na abertura de uma mostra do Cildo [Meireles] quando estourou aquela história [do confisco] da poupança. Todos chegavam e falavam sobre isso, e eu não entendia", relembra Luisa. "Quando voltei a São Paulo, tive a sensação de que não tinha mais nada, apenas telas de algodão de linho pintadas que não valiam nada." No desespero, vendeu uma tela de Alfredo Volpi (1896-1988) por "US$ 10". "Achei que tinha que vender o pano pelo valor do pano senão não ia sobreviver." No dia seguinte apareceram cinco pessoas querendo comprar Volpi. "Mas daí tomei consciência do que tinha feito." Em 2011, o artista ítalo-brasileiro atingiu seu recorde, quando teve obra leiloada por US$ 842,5 mil na Christie's, em Nova York.
Por testemunhar mudanças de cenários, Luisa leva alguns sustos. "Tem vários casos de eu entrar numa casa e comentar: 'Que linda essa Mira Schendel!', e a pessoa falar: 'Ah, mas foi você quem me deu de Natal, esqueceu?'. Vários artistas que dei de presente estão hoje em museus." Artista suíça radicada no Brasil, Mira (1919- 1988) passa há alguns anos por uma redescoberta. Em 2005, uma obra sua foi leiloada por US$ 284,8 mil na Christie's.
A primeira participação de Luisa na Art Basel, em 1990, coincidiu com uma crise econômica mundial e a Copa do Mundo. Se hoje passear pelos corredores da feira tem certo parentesco com a experiência de andar no metrô em horário de pico, naquele ano, "a cada dez minutos passava uma pessoa". Para matar o tempo, galeristas levaram televisores para assistir aos jogos. Por coincidência, foi uma das mais frustrantes campanhas da seleção brasileira.
Para Luisa, há um momento claro em que o mundo começou a prestar mais atenção à arte brasileira: a 24ª Bienal de São Paulo, em 1998, considerada uma das melhores de sua história, que teve curadoria de Paulo Herkenhoff e a antropofagia como eixo conceitual. "Essa Bienal atraiu a atenção de colecionadores importantes, como a [venezuelana] Patricia Cisneros [dona de um dos principais acervos de arte latino-americana do mundo]. Ela foi a primeira, e naquela época vinha sozinha, sem curador. Comprava o que tinha de melhor, tinha um grande olho."
Edouard Fraipont / Edouard Fraipont
"Attirare l'Attenzione", de Alighiero Boetti, faz parte da exposição coletiva "Secret Codes", que vai comemorar os 40 anos da Galeria Luisa Strina, a partir do dia 17
Nascida em 1943 em São Paulo, Luisa Malzone Strina vem de família italiana. O pai, do norte da Itália, tinha uma fábrica de papel; a mãe, do sul, colecionava antiguidades. "Acho que foi daí que o Cildo [Meireles] tirou essa história", diz Luisa, referindo-se à piada interna que explica a longeva parceria - trabalham juntos há 31 anos, fidelidade rara entre artista e galerista. "Quando ele me telefona, se a minha voz é 'calabresa', ele desliga. Então a gente fala só quando estou 'à milanesa'." No dia desta entrevista ela estava bem "milanesa".
Luisa conta que a abertura da galeria, quando tinha 30 anos de idade, não foi planejada, mas quase um acaso. Chegou a estudar psicologia ("No segundo ano tive que abrir o coração de um sapo. Me horrorizei e nunca mais voltei") porque não havia na época faculdade de artes. O tempo mostrou que a escolha não estava de todo equivocada; a habilidade para tentar entender o outro é algo que a profissão de marchand demanda. Como tinha horror a sangue, quis "cortar o mal pela raiz" e fez curso de enfermagem do lar. Trabalhou em uma companhia de seguros onde apareciam pessoas "sem braço, sem mão, sem dedo". "Costurava de tudo." Décadas depois, Luisa, já galerista, usaria habilidades manuais no bordado (um de seus hobbies) para fazer um trabalho como artista, em parceria com Alexandre Cunha (também representado por ela), "Fair Trade".
Mas ao mesmo tempo em que, na base da tentativa e erro, ia e vinha por diferentes caminhos - trabalhou ainda como instrumentadora de cirurgia plástica com David Serson -, Luisa tinha planos de se tornar artista. Fez cursos livres, como fotografia e pintura, na Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), e, ao ingressar na Escola Brasil, encontrou pessoas que ajudaram a definir sua vida.
Na escola - de breve duração (1970-1974) e onde estudaram artistas como Sérgio Fingermann, Flávia Ribeiro e a galerista Regina Boni -, Luisa começou a trabalhar com professores, como Carlos Fajardo e Luiz Paulo Baravelli. Se por um lado descobria que não tinha vocação para artista ("Eu copiava. Não sou criadora"), ela via que atuar como marchand era natural. "Programava exposições deles nos museus e em galerias. Achava esse trabalho uma delícia."
As coisas ficaram mais sérias quando Baravelli, que tinha um ateliê na esquina da rua Padre João Manuel com a Oscar Freire, começou a reclamar do preço do aluguel. "Ele falou que ou eu abria uma galeria naquele espaço, ou todos eles iam arranjar uma galeria, porque precisavam de alguém para cuidar do trabalho deles." Entre os artistas com quem trabalhou estava Wesley Duke Lee (1931-2010). O artista parecia ser inevitável para Luisa: a origem da Escola Brasil deve muito ao integrante do Grupo Rex, referência na vanguarda paulista dos anos 1960 - os fundadores da escola se encontraram em um curso que ele ministrava. Com Lee, a galerista manteve um casamento de oito anos. Depois, permaneceu solo também na vida afetiva.
"Abri a galeria como se tivesse um revólver na cabeça. Pensei: 'Vamos ver o que acontece. Se não der certo, fecho. Aí, foi, foi, e estou aqui, 40 anos depois." Empolgada com o Instagram ("É meu divertimento atual"), Luisa fotografa museus, restaurantes e outros pontos turísticos dos países que visita constantemente por obrigações profissionais. Assim, põe em prática ensinamentos dos cursos que fez no passado ("Outro dia estava com a [artista] Rivane [Neuenschwander] e falamos: 'Vamos um dia fazer um trabalho juntas?'"). A animação se estende à atuação como marchand. Diferentemente de galeristas que se aposentaram, como Thomas Cohn, no ano passado, Luisa não pensa em parar. "Porque ainda me diverte. Quando não me divertir mais, aí eu fecho."

domingo, 8 de dezembro de 2013

Jovem Artista dos Campos Gerais faz parte de coletiva do 4º Salão de Cerâmica do Paraná e participa de uma instalação no MON Museu Oscar Niemeyer



O Artista Eduardo Luiz Freitas de Ponta Grossa participa da Intervenção de 4 mil flores de cerâmica no Museu Oscar Niemeyer

MONAntes da abertura do 4º Salão, ações paralelas ao evento irão atrair os olhares da cidade para a arte da Cerâmica. No dia 5 de dezembro, o Museu Oscar Niemeyer (MON) ganhará um simbólico jardim de 4 mil flores brancas de cerâmica presas por hastes flexíveis, no gramado próximo ao espelho d’água. A intervenção coletiva será inaugurada às 18h30, e poderá ser conferida até o dia 20 de janeiro de 2014. A instalação congrega o trabalho de 80 artistas, professores e alunos, a maioria paranaense.

As flores serão ‘plantadas’ no MON entre os dias 2 e 4 de dezembro. Para a confecção das obras os artistas levaram cerca de cinco meses, cada um produziu 50 flores. Um canhão de luz, à noite, vai destacar a ‘dança’ das flores, que devido às hastes flexíveis ganharão movimento pela força do vento. A cor branca das flores, inclusive, foi adotada para ficar em sintonia estética com o MON.

O 4º Salão Nacional de Cerâmica será realizado na Casa Andrade Muricy (CAM), em Curitiba, entre os dias 17 de dezembro de 2013 até 30 de março de 2014. Realizado pela Sociedade Amigos de Alfredo Andersen (SAAA), o Salão recebe o apoio do Governo do Estado do Paraná, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (SEEC) e do Museu Alfredo Andersen. O 4º Salão é um projeto aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura e conta com o patrocínio da Sanepar.

Serviço
Intervenção das 4 mil flores de cerâmica
Data: 5 de dezembro a 20 de janeiro de 2014
Local: Museu Oscar Niemeyer (Rua Marechal Hermes 999. Centro Cívico); no jardim frontal, próximo ao espelho d’água.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Instalação com flores de cerâmica inaugura no MON


A arte é composta de quatro mil trabalhos feitos por 81 artistas e integra ações paralelas do 4.º Salão Nacional de Cerâmica, que será aberto em Curitiba no próximo dia 17
Compartilhado da gazeta do Povo - Publicado em 05/12/2013 | ISADORA RUPP

Quem passou pelos arredores do Museu Oscar Niemeyer (MON) ao longo da semana se deparou com uma “plantação” bastante inusitada: mais de 4 mil flores de cerâmica brancas estão espalhadas pelo gramado, próximo ao espelho d’água. A instalação, feita por 81 artistas plásticos, a maioria paranaense, será inaugurada hoje, às 18h30, e integra ações paralelas do 4.º Salão Nacional de Cerâmica, que será aberto em Curitiba no próximo dia 17, na Casa Andrade Muricy.
Confira
Instalação Flores de Cerâmica
Museu Oscar Niemeyer (R. Marechal Hermes, 999, Centro Cívico, (41) 3350-4400. No jardim central, próximo ao espelho d’água. Inauguração hoje, às 18h30. A intervenção fica em cartaz até o dia 20 de janeiro de 2014.
No jardim, é possível ver de tudo: desde flores mais tradicionais até quadradas, com texturas, e com formas do corpo humano, presas com hastes flexíveis – para a obra, foi necessário usar mais de uma tonelada de materiais. “A nossa intenção é sensibilizar as pessoas para a arte da cerâmica, que é complexa, treinar esse olhar”, diz a coordenadora artística do Salão, Marilia Diaz.
Está dando certo: segundo ela, muitas mães com bebês que passeiam diariamente na região já pararam para saber do que se tratava, bem como os turistas estrangeiros em visita ao MON. “Até as serventes nos disseram que querem começar a almoçar no jardim”, conta Marilia.
Ceramista há 30 anos e professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a artista salienta que o trabalho ajudará também a chamar a atenção do público para o ofício. “Há muita gente fazendo cerâmica em Curitiba, e Campo Largo [na Região Metropolitana] sobrevive dela. É algo que está muito presente”, frisa.
Entre os artistas responsáveis pelo jardim está Eliane Prolik, curitibana que expôs em importantes coletivas, como a Bienal de São Paulo, e tem obras em coleções como a da Pinacoteca de São Paulo e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e Maria Helena Saparolli, responsável pelas execuções de murais de Poty Lazzarotto pela cidade.
A primeira professora de cerâmica de Marilia, Lirdi Mueller Jorge, também está entre as convidadas. Estão na equipe, ainda, Rossana Guimarães, Juliane Fuganti, Glauco Menta, Lígia Borba, entre outros.
Expansão
Os artistas gostaram tanto da elaboração do jardim que muitos extrapolaram o limite inicial de 50 flores por pessoa. Com isso, a instalação cresceu. “Devemos passar das 4 mil estabelecidas”, diz Marilia, que determinou a cor branca para combinar com o prédio do MON. “Vai contrapor-se ao gramado, e combina muito com o museu. Também escolhi a cor por remeter à paz, que tem a ver com essa época do ano.”
O Salão Nacional de Ce­­râmica é promovido pela Sociedade Amigos de Alfredo Andersen (SAAA), e apresentará 30 artistas e 56 obras inéditas que representam a produção contemporânea da cerâmica brasileira. No MON, a instalação de flores fica em cartaz até o dia 20 de janeiro de 201
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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

MAC homenageia obra de seu primeiro diretor, Walter Zanini

Walter Zanini, que dirigiu o Museu de Arte Contemporânea da USP por 15 anos, desde sua fundação em 1963, descreveu assim a encruzilhada em que se encontrava ao criar uma instituição para mostrar a arte do presente.Compartilhado da Folha de SÃO PAULO


De um lado, estava a "produção maciça" de obras de arte tradicionais. Do outro, um "terreno instável", em que a arte passava a ser feita com o corpo, em performances ou ações capazes de transformar o espaço do museu.
Morto em janeiro deste ano, aos 87, Zanini foi um dos nomes centrais no cenário das artes visuais no Brasil, construindo uma das primeiras e mais importantes coleções de arte conceitual na América do Sul, além de abrir espaço para novas linguagens, como performance e vídeo.

Walter Zanini

Divulgação
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'Estrada de Ferro Central do Brasil', de Tarsila do Amaral
Uma exposição e uma série de debates que começam hoje no MAC, além de um livro com seus escritos, que será lançado nesta semana, relembram agora a importância de Zanini na construção de um circuito mais sólido para as artes visuais no país.
E também revelam como ele, para além das fronteiras nacionais, era um homem em sintonia com a vanguarda do pensamento estético e
museológico de sua época.
Nas correspondências que trocava com diretores de instituições em Paris, onde estudou, e também no resto do mundo, Zanini deixava claro que entendia os anos 1960 como época de transição, em que museus não seriam mais coleções de velhos objetos e virariam plataformas de produção de novos trabalhos.
Ele defendia a ideia de uma instituição "que se integra ao público, deixando de ser um cemitério nobre de antigas civilizações" e perdendo sua "aura sagrada", para se tornar "um instrumento de larga comunicação", caso contrário "desapareceria na sociedade contemporânea".
No fundo, Zanini descrevia um momento dicotômico, opondo o velho museu "templo" a um novo museu que funcionaria como "fórum".
Era o último grito das teorias em debate na Europa e nos Estados Unidos, mas, ao contrário dos países desenvolvidos, Zanini enfrentava um agravante no Brasil -o regime militar que começou em 1964, um ano depois que assumiu a direção do MAC.
Em plena ditadura, ele seguiu adiante com seus planos de criar um "museu do zero", ancorado no que enxergava como "uma extraordinária atmosfera de atualidade".
"Ele era um porta-voz potente desses pensamentos, porque estava inventando um museu", afirma Cristina Freire, que editou o novo livro com os escritos de Zanini, alguns deles revistos pelo autor para o volume, e organizou a mostra no MAC. "Foi uma radicalização total."
NO TETO E NO CHÃO
Um dos momentos mais marcantes dessa tentativa de revolução foi a edição de 1972 da mostra "Jovem Arte Contemporânea", quando Zanini loteou e sorteou os espaços da instituição entre 84 artistas, que passaram duas semanas ocupando o museu, então instalado no terceiro andar do pavilhão da Bienal.
"Essa foi a exposição mais comentada da época. Não tinha paredes, as obras ficavam no chão, no teto", conta Donato Ferrari, artista que participou das mostras de arte experimental naquele ano.
Uma de suas peças, um cubo de papel cheio de balões, foi destruída pelo público numa espécie de "happening", soltando as bexigas que iam estourando pelo museu.
Zanini comentou o caso, exaltando como a "ação estrepitosa revelou comportamentos reprimidos à época".
Na mostra agora no MAC, um filme inédito que registra essas ações será exibido, além de obras que entraram para o acervo do museu pelas mãos do antigo diretor, como peças de videoarte e de nomes então emergentes, como Regina Silveira, Cildo Meireles e Paulo Bruscky.
"Minha geração toda deve respeito a Zanini", diz Bruscky, artista pernambucano que participou enviando obras por correio às primeiras mostras do MAC, estreando no circuito paulistano em 1969. "Além de apoiar os artistas, ele nunca se calou em relação à política da época."
Meireles, que vive até hoje no Rio, também se aproximou de Zanini. "Ele colocava o artista à vontade, e isso é uma coisa rara", lembra o artista. "Naquela época, Rio e São Paulo eram universos à parte, e um dos métodos dele foi tentar quebrar essa barreira."
No caso, não só integrando melhor o cenário nacional, mas abrindo espaço para brasileiros no circuito global.
Regina Silveira descreve esse momento como "janela aberta para o exterior" e lembra como Zanini comprou os primeiros equipamentos de vídeo para o museu e criou um laboratório de experimentação para a nova técnica.
"Ele mantinha o museu sempre aberto aos artistas", diz Silveira. "Aquilo tudo era um pouco nosso."
POR UM MUSEU PÚBLICO - WALTER ZANINI
QUANDO abre hoje, às 18h, ter., das 10h às 21h; de qua. a dom., das 10h às 18h; até 5/10/2014
ONDE MAC (av. Pedro Álvares Cabral, 1.301, tel. 0/xx/11/2648-0254; www.mac.usp.br)
QUANTO grátis
WALTER ZANINI: ESCRITURAS CRÍTICAS
AUTOR Walter Zanini
EDITORA Annablume
QUANTO R$ 50 (420 págs.)
*
RAIO-X
WALTER ZANINI
VIDA
Nasceu em São Paulo, em 1925, e morreu, aos 87, em 29 de janeiro de 2013
FORMAÇÃO
Estudou história da arte em Paris, Roma e Londres
OBRA E CARREIRA
Dirigiu o MAC-USP entre 1963 e 1978. Foi duas vezes curador da Bienal de São Paulo, em 1981 e 1983

Presidente do Ibram se reúne com galeristas e diz acolher pedido de mudanças em decreto


compartilhado da Folha de S. paulo - JULIANA GRAGNANI
SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO
Ouvir o texto
Depois de uma reunião com agentes do mercado da arte nesta quinta-feira (28), em São Paulo, o presidente do Instituto Brasileiro de Museus, Ângelo Oswaldo de Araújo Santos, se comprometeu a levar à ministra da Cultura, Marta Suplicy, um documento com reivindicações do setor sobre o decreto que regulamenta os museus.
Documento assinado pela presidente Dilma Rousseff no mês passado, a medida determina que qualquer obra de arte no país pode ser declarada de interesse público, impondo restrições à sua venda, circulação e restauro. Desde outubro, a lei vem causando preocupação entre galeristas e colecionadores, que temem que o mercado de arte seja abalado pela lei.
Enquanto isso, o departamento paulista da Ordem dos Advogados do Brasil estuda o decreto e deve emitir um parecer em dezembro dizendo ser inconstitucional a medida, por ferir o direito à propriedade privada e à privacidade, além de violar determinações da lei que regula direitos autorais.
Luisa Strina, galerista que cedeu sua casa para o encontro desta quinta, disse ter sido "muito boa" a reunião. "Ele foi muito receptivo e gentil", disse Strina, sobre o presidente do Ibram. "Tem muita chance disso ser superbom para nós. Agora vamos levantar os pontos que gostaríamos que fossem mudados e enviar para ele."
Entre os pontos "nebulosos", nas palavras de Araújo Santos, falta esclarecer que tipo de obra pode, de fato, ser declarada de interesse público e o que isso implica, em especial no que tange à circulação da obra.
Galeristas --Alessandra d'Aloia, sócia da Fortes Vilaça, também esteve na reunião-- aproveitaram o encontro para reforçar o lobby do setor pela redução de impostos que incidem sobre a importação de obras de arte, que no Brasil chegam, em média, a 50% do valor das peças.
"Há pontos nebulosos que trouxeram grande inquietação, mas nós não queremos prejudicar o mercado", diz Araújo Santos à Folha. "É por isso que vamos acatar o documento com os pedidos do mercado. Também vou levar à ministra o pleito deles pela simplificação do sistema tributário para a circulação das obras de arte."
Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural e secretário-geral da Associação Nacional das Entidades Culturais, também esteve no encontro com o presidente do Ibram e deve liderar a elaboração do documento a ser enviado em até 15 dias para o Ministério da Cultura.
Um dos pontos do documento, segundo Saron, será pedir esclarecimentos sobre que obras serão declaradas de interesse público e que benefício ou prejuízo isso traz para o dono da peça.
"Esse é um campo que tem de ser esclarecido, para não dificultar a circulação das obras e burocratizar ainda mais", diz Saron. "Vamos sugerir que tudo seja sem burocracia e mais transparente."
Também haverá pressão por parte do mercado de arte para que a nova comissão a ser formada pelo Ibram para determinar que obras serão ou não declaradas de interesse público tenham membros da sociedade civil, já que a previsão inicial é que só técnicos do órgão do MinC integrem o grupo.
CHAMADA PÚBLICA
Em evento nesta sexta-feira (29) no Museu Lasar Segall, em São Paulo, Araújo Santos e Marta Suplicy comentaram o decreto. O museu, que é ligado ao MinC, recebeu a doação de 110 obras pertencentes à coleção particular de Mario Segall, neto de Lasar Segall.
"Esse decreto não foi feito para interditar, proibir ou sequestrar obras", disse Araújo Santos.
Depois da cerimônia, em conversa com Eduardo Saron, Marta afirmou que observou "medo e inquietação desnecessários" em relação ao decreto. "Estão falando de um Brasil que não existe mais. Houve épocas em que se invadiam terreiros. A Polícia Federal tem um acervo gigantesco de peças de terreiro. Hoje, o Brasil é outro, é um país democrático, que respeita a propriedade privada. Nós não vamos entrar na casa das pessoas pra pegar as obras", afirmou a ministra. "Estamos abertos para escutar e ouvir sugestões."
Araújo Santos disse que o MinC pensa em abrir uma chamada pública pela internet para ouvir sugestões da população. "Se chegarmos à conclusão de que alguma coisa mereça mais detalhamento, podemos fazer isso por meio de uma portaria."
O presidente do Ibram afirmou ainda que a simplificação do sistema tributário para a circulação das orbas de arte depende de uma iniciativa do Ministério da Fazenda, e não do Ministério da Cultura, que, segundo ele, irá iniciar um diálogo sobre o tema com a pasta. "Vamos mostrar para a Fazenda que isso é positivo para o país."

domingo, 1 de dezembro de 2013

Manipulações de fotos criativas e engraçadas para sua inspiração

compartilhado do blog CRIATIVES
Manipulações de fotos são divertidas de se criar e divertido de se olhar. Usando photoshop você pode fazer muitas coisas criativas e divertidas. Você pode manipular fotos como você imagina e pode mostrar aos outros o que você tem em sua mente criativa. Neste post, nós adicionamos 30 exemplos de boas e incríveis de manipulação de fotos funciona para você.